Artigo do engenheiro e professor de gestão do conhecimento e da inovação da PUCRS, Adão Villaverde, publicado no jornal Zero Hora (04/02/2025) trata sobre as tecnologias que podem ser apropriadas de forma universal pela humanidade. É o caso da IA chinesa DeepSeek, que com custos e investimentos bem menores, dissipando menos energia, mais sustentável e com código aberto, faz tanto ou mais que o ChatGPT.
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Toda e qualquer descoberta científico-técnica de caráter endógeno e soberano, que possa ser apropriada de forma universal pela humanidade, deve ser muito bem acolhida e saudada.
Parece ser o caso da inteligência artificial – IA – chinesa DeepSeek, elaborada com chips nominados maduros, menos avançados, muito eficazes, com custos menores, dissipando menos energia, com código aberto e sendo aplicativo gratuito, que pode fazer tanto quanto o ChatGPT, ou mais ainda.
Sejam por estas ou outras questões, como business, soberania científica e geopolítica, iniciativa fez tremer as big techs. Instigando a predominância dos EUA neste terreno, sobretudo ao fazer com que as ações de grandes players de tecnologia, como Nvidia, Oracle, Microsoft, Alphabet e Meta entre outras, despencassem. Ainda que exemplo possa ser reducionista, só a Nvidia viu suas ações caírem 17% em apenas um dia.
Neste campo hightech, desafios são enormes, e mudanças e transformações, céleres e recorrentes, capazes de lançar fulminantemente uma disrupção ao pódio, podendo arrastar muitas outras no seu vácuo.
E a adversidade de driblar sanções de Washington de peças para tablets da Huawei e o agravante da aliança EUA/Otan – que proibiu a venda de equipamentos da ASML holandesa para o país litografar a manufatura de semicondutores – não impediram avanços destes dispositivos em solo chinês, ao contrário, aceleraram seu desenvolvimento.
Eles dominam hoje a manufatura de chips com manometria (métrica para aferição) quase no estado da arte, avançando também no caminho da confecção de seus próprios equipamentos de litografia para manufaturar semicondutores.
Estes tempos tornam imperativo trabalhar de forma mais partilhada e colaborativa, e quem sabe disrupções como essa possam engendrar uma mundialização de novo tipo, em novas bases, de outra forma possível e sustentável. E que nesse processo, o Brasil possa ingressar no seleto grupo mundial de países que dominam e detêm a expertise dessas soluções fabris no campo da tão propalada indústria 4.0.
Por Adão Villaverde, engenheiro e professor de gestão do conhecimento e da inovação da PUCRS.
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