No dia 15 de abril, celebra-se o Dia Nacional de Conservação do Solo, uma data que chama a atenção da sociedade para a importância desse recurso natural para a sustentabilidade ambiental e a produção agrícola. Mais do que isso, a preservação do solo é fundamental para a continuidade da produção de alimentos e, consequentemente, para a própria sobrevivência da espécie humana.

É o que destaca o professor Pedro Alberto Selbach, do Departamento de Solos da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Segundo Selbach, que também é presidente da Associação de Conservação de Solo e Água (ACSA), a interconexão entre o solo, a água e a produção agrícola faz da conservação desses recursos naturais uma atividade essencial para garantir a segurança alimentar e a qualidade de vida das futuras gerações.

Então, quais são as atuais condições dos solos no Rio Grande do Sul e no Brasil? De acordo com o professor, embora alguns produtores adotem práticas conservacionistas, muitos ainda não seguem padrões ideais, resultando em problemas como perda de água e solo. Por isso, ele destaca a importância do sistema de plantio direto e da rotação de culturas. “Ainda temos que trilhar alguns caminhos para melhorar a preservação do solo e da água”, ressalta o professor Selbach.

A agricultura conservacionista no Sul enfrenta desafios significativos, apesar dos avanços na produtividade. Para o professor do Departamento de Solos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e coordenador do Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Erosão e Hidrologia de Superfície, Jean Minella, a negligência na conservação do solo e da água está se tornando cada vez mais evidente, com problemas como erosão e perda de nutrientes ameaçando a sustentabilidade do sistema. Embora a produtividade das culturas tenha sido mantida em geral, isso é em grande parte devido ao uso intensivo de tecnologia, o que não é sustentável a longo prazo.

Minella também destaca que experiências demonstram que práticas como o plantio direto associadas a técnicas como terraços podem reduzir significativamente as perdas de água e solo. Essas abordagens requerem uma compreensão profunda do solo e de suas características, algo em que os engenheiros agrônomos desempenham papel fundamental. “A maneira como o engenheiro agrônomo lida com o manejo da água e com a conservação do solo nas propriedades rurais impacta a sociedade como um todo, seja pela atenuação da estiagem no rio, como também pela redução do impacto de enchentes durante os períodos de excesso de água”, explica.

Portanto, compreende-se como a atuação desse profissional impacta áreas como saneamento, energia e saúde pública. Conforme Minella, “hoje, com as mudanças climáticas, passamos por períodos do ano com excesso de chuva, e outros de longas estiagens. Então, o engenheiro agrônomo que estiver capacitado para adaptar o sistema de produção e armazenar ao máximo essa água do período de excesso de chuvas, principalmente no solo, através de infiltração e práticas de conservação, será capaz de evitar a degradação do solo, atenuar as estiagens. Essa atividade carrega uma responsabilidade enorme, uma vez que ele é capaz de desenvolver e aplicar práticas de conservação do solo e água para lidar com as alternâncias entre os extremos do clima.”

Neste Dia Nacional de Conservação dos Solos, é crucial que a sociedade reconheça a importância do solo para a sobrevivência e o bem-estar humano, comprometendo-se a adotar práticas que visem à preservação e manejo sustentável. O SENGE-RS tem atuado para engajar profissionais, governos e sociedade na promoção de práticas sustentáveis e na conscientização sobre a importância da conservação do solo para o desenvolvimento agrícola e ambiental.