O leilão de venda de 65,87% do capital social da CEEE Distribuidora, realizado em apenas 15 minutos na manhã desta quarta-feira (31) na Bolsa de São Paulo, entrará para a história como mais um caso em que o processo de privatização atenta diretamente contra o patrimônio público.

Uma estrutura erguida em décadas de trabalho de sucessivas gerações de profissionais e por gestores das mais diversas tendências políticas e ideológicas, e que obteve sempre padrões elevados de eficiência e capacidade de operação, foi rapidamente arrebatada por apenas R$ 100 mil, o preço de um automóvel médio. O adquirente é o Grupo Equatorial Energia, que já controla distribuidoras no Norte e no Nordeste do País.

O governador Eduardo Leite e sua base de apoio deram continuidade à proposta de venda da estatal lançada na gestão anterior de José Ivo Sartori.

A determinação de liquidar o patrimônio público desta forma e por este preço, desconsiderou todas as possibilidades apontadas por diversos setores e organizações ligados à empresa que convergiam para a viabilidade econômico/financeira da Companhia, incluindo aí os necessários investimentos e o cumprimento das metas de regulação.

Agora, a CEEE-D é entregue ao capital privado que incluirá a necessidade de lucro como prioridade, o que fatalmente irá repercutir nas contas dos usuários.

Ficam da mesma forma vulneráveis as carreiras dos trabalhadores, especialmente a dos mais de 300 engenheiros da empresa, haja vista a truculência com que os atuais dirigentes negociam o Acordo Coletivo da categoria, impondo a retirada de benefícios como auxílio saúde e dificultando ao máximo a estabilidade dos empregos após a privatização. Vale lembrar que todas as categorias representadas por seus sindicatos já aprovaram indicativo de greve em concorridas assembleias realizadas nas últimas semanas.