Por Régis Haubert, diretor regional da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) – Publicado em GZH (05/12/23)

A retomada do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec) representa um trunfo fundamental para o estímulo ao desenvolvimento e à produção de chips em nosso país e está alinhada à Política Nacional de Semicondutores, em gestação pelo governo federal. A estatal deve voltar a produzir chips a partir do ano que vem, e a projeção é de que se torne independente de recursos estatais a partir da sua inserção no mercado.

A pandemia de covid-19 nos trouxe uma série de ensinamentos. O principal deles, talvez, tenha sido revelar a nossa vulnerabilidade em relação aos insumos vindos do Leste Asiático, o que impactou a indústria de tecnologia da informação e comunicações (TIC) e também o setor automotivo. Dessa forma, todos os esforços para promover o adensamento de cadeias produtivas e o desenvolvimento tecnológico são extremamente bem-vindos.

retomada do Ceitec, fruto da atuação entre o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em conjunto com o governo do Rio Grande do Sul, também faz parte da estratégia Programa Semicondutores RS, executada pela Secretaria Estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia (SICT), que prevê mais de R$ 70 milhões em investimentos no setor até 2026, aproveitando o grande potencial do Estado nesta área. Desse modo, esperamos que o Ceitec consiga desenvolver seu propósito com resultados que permitam aprimorar suas atividades e que passe a atender às necessidades reais do nosso mercado e também de mercados terceiros.

A falta de componentes que vivemos atualmente é uma oportunidade para darmos uma destinação correta para o Ceitec, para que possamos ter no Brasil também um grande fabricante de componentes ativos, além de atrair investimentos estrangeiros e importante atividade de pesquisa, desenvolvimento e inovação. É sabido que o Rio Grande do Sul é um polo formador de mão de obra altamente especializada e que muitos talentos acabaram indo embora por falta de oportunidade. No entanto, cada vez mais vemos iniciativas locais para reverter essa situação, e a retomada do Ceitec, sem dúvida, será um ponto decisivo na valorização do capital humano que tanto nos diferencia.