28/02/2020

ARTIGO | Pobre Arroio Dilúvio! Pobre Porto Alegre!

O que acontece com Porto Alegre? O que acontece com nossa população? O que acontece com nossos governantes?

Mais do que um desabafo, é uma constatação diária da situação em que se encontram as margens e as águas (se podemos dizer águas) de nosso Arroio Dilúvio: um curso d’água que atravessa boa parte da cidade e que corre em meio as pistas de uma via estruturante de Porto Alegre, a Avenida Ipiranga.  

Há cerca de 40 anos, já havia um clamor pela melhoria das condições do Arroio Dilúvio devido à erosão contínua, águas poluídas recebendo esgotos sem tratamento, resíduos sólidos despejados direta e indiretamente em suas margens e em seu curso, mortandade de peixes.

A desigualdade já presente naquela época ficava evidente com famílias morando sob a pontes, demonstrando a existência de um imenso fosso social.

Campanhas existiram, como “Arroio não é Valão”, promovida pelo DMLU. Inúmeros projetos decorrentes de parcerias com Universidades foram desenvolvidos para uma renovação urbanística, colocando essa área no patamar em que merece estar, com margens tratadas e protegidas, permitindo sua apreciação paisagística. Destaca-se o Programa de Revitalização da Bacia do Arroio Dilúvio, unindo esforços da PUCRS e da UFRGS.

A legislação ambiental passou a exigir o tratamento de efluentes não só de origem domiciliar, mas dos postos de gasolina, hospitais e outras atividades existentes na bacia hidrográfica.

Foi implantada rede separadora absoluta e construída estação de tratamento para receber esses esgotos através do Programa Integrado Socioambiental (Pisa), maior obra de saneamento da história de Porto Alegre.

Esses são apenas alguns exemplos do que foi feito. Mas eu pergunto: e daí?

Como estamos hoje? Alguma coisa melhorou? Não temos mais esgotos in natura sendo lançados? Não temos mais manchas de óleo? Não temos mais resíduos sólidos? O assoreamento está sob controle? Foram adotadas medidas nas cabeceiras para evitar a erosão e suas consequências? Ainda existem famílias que têm sua moradia em condições insalubres e sub-humanas?

Pois triste é nossa realidade. Parece que estamos na contramão da história, em um retrocesso, como se cegos fossemos não querendo enxergar a gravidade da situação.

Queremos uma cidade moderna, cidadã, sustentável e inteligente. Mas se o básico não é atingido, será isso possível ou é uma utopia?

O que foi feito das campanhas de Educação Ambiental? Como anda nossa coleta de resíduos sólidos? E nossa fiscalização ambiental, evitando lançamentos in natura e em redes não adequadas? E o nosso antigo DEP – Departamento Municipal de Esgotos Pluviais, que já foi modelo no Brasil e hoje não mais existe?  Como o DMAE – Departamento Municipal de Águas e Esgotos, também reconhecido pela qualidade de seus serviços, justifica ter construído uma grande estação de tratamento de esgotos que os recebe em quantidade muito aquém de seu dimensionamento? Que programas sociais existem para oportunizar moradia e trabalho para as famílias que vivem na miséria?

Essas são somente algumas perguntas. Quais as respostas? O que é preciso fazer? Como sensibilizar a população para fazer sua parte? Como exigir que o Poder Público faça a sua?

Os problemas aumentaram e as lacunas se acumularam ao longo do tempo. Quanto mais demorarem para que sejam tomadas medidas efetivas e eficazes, maior será a dificuldade de sanar e sanear tudo isso.

Precisamos parar e nos perguntar: que cidade queremos, que legado queremos deixar para nossos filhos e netos?

É ruim terminar um texto com tantos pontos de interrogação, parecendo apenas um tom queixoso e acusatório, mas não é. As perguntas têm respostas e as soluções existem, mas a primeira coisa é ter identidade com a realidade, tirar a venda de nossos olhos e partir para a ação.

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