Fotos: João Alves

Ocorreu no Auditório do SENGE nessa quinta-feira (08), o 17º Painéis da Engenharia, que teve como tema “Cop27: Engenharia no cenário das mudanças climáticas”. O evento foi uma realização do SENGE com apoio de Mútua-RS, Unimed-Poa e Uniodonto. A plateia cheia não deixou dúvidas quanto ao interesse que o tema desperta entre os profissionais da Engenharia, como observado pelo presidente do SENGE, Cezar Henrique Ferreira, durante a abertura:

“É nosso intuito aqui atender aos interesses de uma melhor qualidade de vida no mundo, com a utilização de recursos naturais que são limitados, através de tecnologias que atendam as expectativas sociais e ambientais. É claro que, no padrão de desenvolvimento e consumo da sociedade atual, é fundamental que a gente promova esse debate e repense a forma de produzir, a forma como estamos pensando e executando o desenvolvimento no país e no mundo. Esse é um grande desafio dos engenheiros e da Engenharia, contribuir nesse cenário para toda a sociedade com responsabilidade e com oportunidade, na busca de tecnologias mais adequadas e mais sustentáveis por um mundo melhor”, declarou o presidente da entidade.

Palestrante convidado dessa edição, Felipe Villela, é um dos speakers do TEDxAmsterdam e fundador da Fundação reNature, na Holanda. Ele regressou recentemente do Egito, onde esteve participando da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 27). A mediação do debate ficou sob o comando do engenheiro agrônomo Gervásio Paulus, coordenador do Grupo de Trabalho Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, no âmbito do Conselho Técnico Consultivo do SENGE-RS (CTC), e coordenador do grupo responsável pela elaboração da cartilha “Meio Ambiente e Mudanças Climáticas: conhecer para agir e transformar”.

Em sua fala, o engenheiro Gervásio Paulus falou sobre o caráter sistêmico da crise ambiental decorrente das mudanças climáticas, indicando que o que acontece localmente tem impactos globais, assim como o que acontece globalmente tem impactos locais. “As mudanças em curso deixaram de ser um tema emergente para tornar-se um tema urgente. Não faltam atualmente evidências científicas para comprovar a realidade do aquecimento global, decorrente do aumento da concentração de gases de efeito estufa, e o aumento da frequência e da intensidade de eventos extremos, tais como enchentes, estiagens, ondas de frio ou calor fora das curvas de normalidade. Diante desse cenário, temos plena consciência que mais do que constatar o que está acontecendo e reconhecer que o sinal de alerta do planeta já foi ultrapassado, é hora de agir, de interagir e propor soluções, seja no âmbito governamental, das políticas públicas, como das iniciativas privadas e da sociedade civil organizada. Trata-se, ao mesmo tempo, de um desafio e de uma oportunidade. Para isso, é extremamente relevante o aporte de conhecimentos, de inovações tecnológicas e disseminar iniciativas com responsabilidade social e ambiental”, afirmou.

Por sua vez, Villela falou sobre os ganhos obtidos durante a conferência em relação à meta de carbono zero. Além da adesão da França, o fato de ter havido um maior debate sobre segurança alimentar também foi um ganho da edição deste ano, na avaliação do especialista, que integra a equipe de liderança da Linha de Ação 3 da Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU e é o autor principal do documento do GEO para o Setor dos Negócios do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente: “O papel atuante dos negócios na transformação dos sistemas alimentares”.

Considerando a importância da agricultura regenerativa e o papel de profissionais como engenheiros dos ecossistemas numa visão de abundância dos recursos naturais, Villela apresentou cases de projetos realizados através da Fundação reNature em parceria com diversas empresas globais, entre elas a Nespresso. “Esses cases de grandes produtores e de grandes marcas mostram que não são somente os pequenos produtores que estão trabalhando nesse sentido, mas também as grandes corporações já estão alinhadas e atuando”, afirmou.

Em relação ao papel da Engenharia nesse cenário, Vilella destacou benefícios econômicos que podem ser alcançados como a redução no custo de insumos externos. Além disso, a diversificação de renda, a obtenção de créditos de carbono (ainda muito difícil de acessar por pequenos produtores), gap de resiliência climática e preços premium por produtos produzidos em sistemas agroflorestais foram outras vantagens econômicas destacadas.

Também destacou a importância da Engenharia Elétrica aplicado à mobilidade urbana, assim como da Engenharia Civil na construção das chamadas smart cities (caso de Singapura), criando cidades urbanas mais verdes, dentre muitos outros cases.

O evento foi transmitido pelas redes sociais do SENGE. Você pode conferir na íntegra na TV SENGE ou clicando no vídeo abaixo:

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ATIVIDADES EM HOMENAGEM AO DIA DO ENGENHEIRO

O 17º Painéis da Engenharia foi uma das atividades realizadas pelo SENGE para marcar a passagem do Dia do Engenheiro, celebrado no dia 11 de dezembro. A programação incluiu ainda a realização do Concerto Comunitário SENGE 80 Anos, com a orquestra e coro do Instituto Porto-alegrense de Arte-Educação (IPDAE). Aberto à comunidade, o evento arrecadou alimentos para instituições de amparo social.