Nesta segunda-feira (11), a diretoria do SENGE-RS recebeu o climatologista e professor Dr. Francisco Eliseu Aquino, que realizou uma palestra sobre os impactos das mudanças climáticas sobre o território do Rio Grande do Sul.

O professor Aquino embarca, na próxima semana, em expedição que realizará a maior travessia pela costa da Antártida, liderada pelo Brasil, a bordo de um navio quebra-gelo russo que partirá do Porto de Rio Grande em 22 de novembro. A expedição é liderada pelo Centro Polar e Climático (CPC), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e contará com 61 cientistas, de sete países, que navegarão mais de 20 mil quilômetros pela costa antártica com o objetivo de coletar dados sobre mudanças climáticas e explorar áreas próximas às geleiras.

Na abertura do evento, o presidente do Sindicato, Cezar Henrique Ferreira, agradeceu a presença e disposição do professor Francisco Eliseu Aquino em apresentar os dados e responder às dúvidas dos diretores a respeito dos impactos das mudanças climáticas no Estado. Também agradeceu ao diretor regional Metropolitano do SENGE, Luis Humberto Villwock, por intermediar a vinda do professor do Departamento de Geografia da UFRGS, que é mestre em Geologia Marinha e doutor em Geociências, com ênfase em mudanças climáticas entre a Antártica e o Sul do Brasil.

Este é um tema que vem mobilizando o Sindicato dos Engenheiros, no sentido de reafirmar a importância do conhecimento, da ciência e dos profissionais de Engenharia para a proposição de soluções efetivas, visando a mitigação e prevenção dos impactos das mudanças climáticas, sobretudo sobre as camadas mais vulneráveis da população. Para tanto, o SENGE vem alertando para a necessária valorização dos órgãos de fiscalização e dos seus quadros técnicos, capacidade de diálogo, espírito coletivo e foco no interesse público.

O professor apresentou dados alarmantes da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), destacando que o ano de 2024 se encaminha para ser o ano mais quente do século, superando a marca do ano de 2023, situação que propicia eventos climáticos cada vez mais extremos, desde estiagens até ciclones e temporais.

Ele também compartilhou dados que comprovam que, nas chuvas de abril a maio deste ano no RS, o volume da precipitação mais do que dobrou em comparação a mesma região hidrográfica de anos anteriores.

Segundo as projeções, o regime de chuvas no país pode passar por uma alteração importante. Atualmente, há uma espécie de corredor que liga a Amazônia ao Sudeste e leva umidade para essa região, especialmente entre os meses de primavera e verão (a partir de setembro e outubro). Observa-se uma mudança gradual desse eixo, em que as chuvas se deslocam mais para a Região Sul — que atualmente já é castigado por temporais e inundações que fogem dos padrões históricos.

Diante dos dados, o professor Aquino enfatizou que o planeta já cruzou o “ponto de retorno”, ou seja, não há mais como retroceder em relação aos impactos naturais e climáticos. Agora, é preciso que sejam desenvolvidas tecnologias e soluções efetivas visando a prevenção e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, que deverão ser mais severas com o passar dos anos, de forma que possamos acelerar nossa adaptação ambiental.

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