As chuvas intensas sobre o Rio Grande do Sul fazem emergir, em meio à disputa eleitoral pelas prefeituras, questões inadiáveis de planejamento urbano que sucessivas administrações municipais costumam ignorar.

O desprezo pela prevenção baseada em projetos e não em improvisos é regra generalizada em municípios de todos os portes. As exceções se destacam em meio a remendos de soluções, que na maioria das vezes se restringem a ações emergenciais.

O resultado desse descaso, enquanto cresce a malha viária e as redes de esgoto são insuficientes para dar escoamento às enxurradas, é o caos enfrentado por muitas cidades nos últimos dias.

Situações como as vividas atualmente não só tumultuam rotinas como provocam prejuízos econômicos. Os transtornos são ampliados, ano a ano, pelas deficiências de gestão de médio e longo prazos.

Falta aos administradores brasileiros a cultura da prevenção, capaz de evitar situações previsíveis e, muitas vezes, consequências mais graves decorrentes da falta de empenho em resolver problemas estruturais das cidades.

É inconcebível que metrópoles e localidades pequenas às vezes recentemente urbanizadas ainda convivam com estorvos ao seu crescimento e à melhoria da qualidade de vida de seus habitantes, quando se sabe que as soluções nem sempre são complexas.

Os alagamentos causados pelo lixo acumulado em tubulações subterrâneas, os desmoronamentos de áreas de risco e outros transtornos – algumas vezes com tragédias – poderiam ser evitados se as administrações aliassem racionalidade e determinação.

Às vésperas das eleições, os estragos da chuvarada apresentam-se também como advertência aos gestores que serão eleitos ou reeleitos em outubro – e um ponto a mais para os eleitores incluírem no seu processo de seleção e escolha de candidatos.

Muitas iniciativas comprovam que improvisação e planejamento podem ter os mesmos custos financeiros.

A diferença está nos custos ou nos benefícios sociais e econômicos decorrentes do improviso ou da previdência.

Zero Hora – Editorial (19/9/2012)

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