Por Cylon Rosa Neto
Presidente da Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul

Alguns podem dizer que são os males do crescimento. Mesmo que isso seja verdadeiro, a urgência de investimentos em infraestrutura vai se tornando cada vez mais presente e a falta de ação vai travar fortemente nossas possibilidades de crescimento econômico. Os atuais e novos governantes, a serem eleitos em 2010, juntamente com lideranças políticas e empresariais têm que pensar mais no longo prazo e estabelecer como meta prioritária, de imediato, elevar a capacidade de investir. 

Talvez falte maior pressão da sociedade e das entidades de classe sobre os governantes e a representação política, fundamentada em evidências práticas e técnicas, dramatizando até o risco de diversos “apagões”, principalmente nas áreas de transporte, energia e saneamento. Apesar de ainda tímida, esta mobilização está se fortalecendo em diversos segmentos e a Assembléia Legislativa gaúcha, sensível ao tema, instituiu o Fórum de Infraestrutura do Estado, na Comissão de Serviços Públicos. 

A partir de 2010, a continuidade dos trabalhos do Fórum será de responsabilidade das entidades da área tecnológica, a saber, o CREA, SENGE, SICEPOT, AGEOS, SERGS e o Conselho de Infraestrutura da FIERGS. Todas elas tendo como grande credencial a referência técnica, na discussão e nas propostas. O objetivo é traçar uma agenda estratégica, que incluiria, ainda, o tema ambiental para servir de subsídio aos órgãos públicos responsáveis por traçar objetivos de sustentabilidade, superando as atuais incertezas ao se licenciar um empreendimento. 

A colaboração, não apenas das entidades da engenharia, na visão estratégica de longo prazo do desenvolvimento, é essencial para garantirmos um futuro melhor. A falta de objetivos claros e de pressão para que os valores dos orçamentos para infraestrutura sejam realmente cumpridos é que faz com que a maior parte do esforço da sociedade, que suporta uma das maiores cargas tributárias do mundo, seja canalizada muito mais para os gastos correntes do que em setores que garantam o crescimento e multiplicação de empregos.

Jornal do Comércio 29/12/2009