Em cerimônia realizada nesta quarta-feira (11), no Palácio do Planalto, o presidenteLuiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, anunciaram novos investimentos que integram a Nova Indústria Brasil (NIB) – programa do governo federal com incentivos ao setor industrial.

Foi divulgado um conjunto de ações para o avanço da indústria em setores como internet das coisas, inteligência artificial e Big Data. De acordo com o Palácio do Planalto, serão destinados R$ 186,6 bilhões ao setor, entre recursos públicos e privados.

Durante o evento, também foi sancionada lei criando o programa Brasil Semicon, que incentiva a produção nacional de semicondutores. Ao todo, serão R$ 7 bilhões por ano (R$ 21 bilhões até 2026) destinados a estimular investimento em pesquisa e inovação nas cadeias de chips e eletroeletrônica, com aplicações voltadas para painéis solares, smartphones, computadores pessoais e outros dispositivos associados diretamente à chamada indústria 4.0.

A nova legislação também aperfeiçoa o Padis (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico à Indústria de Semicondutores) e prorroga a Lei de TICs (Lei da Informática), prevendo incentivos adicionais a produtos desenvolvidos com tecnologia nacional (Tecnac), além de créditos percentualmente maiores para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Além disso, a Finep (agência pública que financia a inovação, desde a pesquisa básica até a preparação do produto para o mercado) anunciou a abertura de linhas de crédito de R$ 4,5 bilhões. Essa linha se soma aos recursos que a Finep e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) oferecem no âmbito do Plano Mais Produção desde o ano passado.

Com os investimentos e incentivos do programa, os fabricantes brasileiros de semicondutores estão se estruturando para entrar nas cadeias globais de tecnologia de ponta para exportar principalmente nos EUA e Europa.

Esse pacote faz parte da Missão 4 da NIB (Nova Indústria Brasil), que busca fazer com que o Brasil avance em áreas como internet das coisas, inteligência artificial e big data.

O engenheiro Adão Villaverde, doutor em Educação em Ciências pela UFRGS no tema Semicondutores e professor de Gestão do Conhecimento e Inovação na PUCRS, explica que o novo Programa Brasil Semicon deverá trazer um impacto significativo para o Rio Grande do Sul. Isso porque o estado já possui um histórico consolidado na área de tecnologia, incluindo a presença de empresas de semicondutores como a CEITEC, da HT Micron e a representação das multinacionais Impinj e Ensílica. “O programa promete atrair investimentos estrangeiros e nacionais para o setor, fomentando a criação de um ecossistema robusto de inovação. Isso poderá gerar milhares de empregos diretos e indiretos, além de consolidar o Rio Grande do Sul como um polo estratégico para o desenvolvimento de semicondutores no Brasil”, explica Villaverde.

Outro ganho importante será o fortalecimento da cadeia de fornecedores locais, que vão se beneficiar do aumento da demanda por componentes eletrônicos e infraestrutura associada. Villaverde ainda destaca que a proximidade de centros de pesquisa e universidades do Estado poderá ser aproveitada para gerar mais cooperação entre academia e indústria, incentivando o desenvolvimento de novas tecnologias e a formação de mão de obra altamente qualificada.

Para o setor de Engenharia, o Programa Brasil SemiCon abrirá diversas oportunidades. “A necessidade de profissionais especializados em áreas como engenharia eletrônica, mecatrônica, automação e telecomunicações será ampliada. Esses profissionais estarão envolvidos desde o desenvolvimento de chips até a criação de soluções para automação industrial e tecnologias de ponta que dependem de semicondutores”, ressalta o professor Villaverde.

Além disso, engenheiros com habilidades em gestão de projetos, pesquisa e desenvolvimento (P&D) e inovação serão altamente demandados, tanto em empresas que produzem semicondutores quanto em organizações que desenvolvem aplicações para setores como saúde, agronegócio e mobilidade urbana. O crescimento dessa indústria também exigirá mais engenheiros civis e industriais para a construção e otimização de fábricas, centros de inovação e laboratórios, ampliando ainda mais o escopo de oportunidades.