Infelizmente o cenário já era previsto. Em que pese os eventos climáticos se apresentarem cada vez mais intensos, os impactos da privatização da CEEE-D na redução da qualidade do serviço prestado à população está cada vez mais óbvio para todos, com acréscimo de que agora sequer os gestores públicos conseguem contato com a empresa nos primeiros e mais críticos momentos pós- temporal.

Não é de hoje que o Sindicato dos Engenheiros vem alertando a respeito das consequências desta visão privatista. Com chamarizes que incluem promessas de serviços melhores, tarifas mais baixas e eficiência, pouco a pouco serviços essenciais à população vêm sendo desmantelados. E o que vemos, na prática, é exatamente o contrário da propaganda: comunidades inteiras têm comprometidos a sua qualidade de vida e o acesso a esses serviços, delegando-se a responsabilidade estatal à iniciativa privada.

No caso da distribuição de energia elétrica, recente multa aplicada pela agência regulatória comprova as falhas graves no serviço prestado pela CEEE Equatorial, incluindo descumprimento de metas e manutenção precária das instalações. Inclui-se aí a redução das equipes de atendimento e do quadro técnico desde a privatização da empresa, incluindo a demissão incentivada de profissionais de Engenharia, contexto que reflete negativamente no desempenho operacional, sobretudo durante períodos emergenciais.

Diante desse cenário, o Sindicato dos Engenheiros reafirma sua posição em defesa do controle e gestão do Estado sobre setores estratégicos, como energia elétrica, saneamento, extensão rural, meio ambiente e educação, a exemplo de diversas mobilizações que a entidade vem liderando em defesa de empresas públicas estaduais e municipais. Entre elas, destaque para as ações em defesa do DMAE, um patrimônio histórico do município de Porto Alegre que também está sob ameaça de projeto de concessão apresentado pelo prefeito Sebastião Melo. Importante destacar ainda que o DMAE é também um dos maiores afetados pela falta de energia elétrica na Capital: três dias após o temporal, ainda havia 17 estações de bombeamento de água tratada com falta de luz e cinco com nível abaixo do ideal para operação, o que impacta o abastecimento em pelo menos 25 bairros da cidade.

A competência pública e a execução privada tendem a conflitos de interesse que resultam em prejuízos diretos à população, especialmente em localidades mais vulneráveis. É preciso, portanto, atenção total aos discursos que desqualificam os servidores e o serviço público em defesa de parcerias ou concessão de serviços públicos à iniciativa privada, a quem interessa apenas a redução de custos e distribuição de dividendos.

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