Zero Hora (03/04/13)

Uma série de fragilidades levou o Conduto Forçado Álvaro Chaves à ruína na chuvarada de 20 de fevereiro deste ano. Citado pelo prefeito José Fortunati como a maior obra de drenagem da história de Porto Alegre, o conduto cedeu devido a problemas que passam pela sua concepção, pela elaboração do projeto, execução, fiscalização, gestão e, claro, pela chuva de 69 milímetros em uma hora na região entre os bairros Moinhos de Vento e Auxiliadora.

A conclusão está no parecer técnico confeccionado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (Crea-RS) por solicitação da prefeitura e divulgado nesta quarta-feira, dia 03 de abril. Os estudos foram feitos por uma comissão de "notáveis" na área, coordenada pelo engenheiro André Luiz Lopes da Silveira, diretor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS. Segundo ele, o desabamento foi o resultado de uma conjunção de fatores, como ocorre, também, em acidentes aéreos.

— A chuva é sempre a primeira a levar a culpa. Foi uma chuva rara, mas acusá-la de ser a única causadora da ruptura não é correto. A chuva não era para destruir o conduto — apontou.

Sobrou até para o Departamento de Esgotos Pluviais (DEP). Conforme Silveira, o órgão não tem engenheiros em número suficiente para suprir suas necessidades. Ele também citou a falta de um gestor do projeto, alguém que, ao supervisionar o todo, se daria conta dos erros. Mas, basicamente, a obra foi feita em pequenas partes que, no conjunto, acabou revelando problemas.

O prefeito José Fortunati anunciou no encontro da tarde desta quarta-feira que será contratada uma empresa especializada para fazer um estudo criterioso do sistema de todo o conduto, assim como foi sugerido pelo Crea-RS. O objetivo é realizar a avaliação o quanto antes. Para isso, o prefeito cogita fazer uma contratação por notório saber. O Consórcio PMR, que efetuou a construção, deverá ser responsável pela reforma.

— “Estamos dentro da garantia legal de cinco anos. Tenho a convicção de que o conserto será feito pelo consórcio que viabilizou a obra” — afirmou Fortunati.

Contraponto

No final da tarde, o Consórcio PMR divulgou uma nota oficial sobre o estudo do Crea-RS. Confira a íntegra:

"O estudo produzido pelo Crea-RS releva multicausalidade de circunstâncias à ruptura pontual havida no Conduto Forçado na Rua Cel. Bordini. Assim, são causas diversas que contribuíram ao evento, onde se inclui a própria concepção do projeto da obra, e também deve ser incluído a excepcionalidade do volume de chuvas alagadoras ocorridas no dia do acidente, aspecto este devidamente comprovado pelas estatísticas. Portanto, não resta dúvida de que fatores de diversas origens causaram a ruptura na obra naquele local, razão porque não há o que se falar em culpa exclusiva de qualquer parte. O Consórcio PMR reitera que executou a obra nos estritos termos licitados e sob fiscalização permanente do DEP, o que bem atesta o Termo de Recebimento Definitivo da Obra firmado pela Municipalidade contratante, o qual representa uma chancela oficial de conformidade da execução com o licitado/contratado. Neste contexto, o Consórcio PMR permanece a disposição do DEP e do Município, e, se instado oficialmente se manifestará."