A sindicalista espanhola Cristina Faciaben, representante da Confederación Sindical de Comisiones Obreras (CCOO), a maior central sindical da Espanha, foi a palestrante internacional convidada do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio Grande do Sul (SENGE-RS) para o evento realizado em alusão ao Mês do Trabalhador.
Com o tema “Movimento Sindical: Diálogos e Interações entre União Europeia, Espanha e Brasil”, o seminário foi promovido no dia 8 de maio, no Hotel Plaza São Rafael, reunindo representantes de diversas entidades e centrais sindicais, além de membros da diretoria e sócios do SENGE-RS.
O debate também contou com a participação do consultor do Forum das Centrais Sindicais, Clemente Ganz Lúcio, e da desembargadora federal do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, Brígida Barcelos.
Faciaben iniciou sua fala agradecendo o convite e destacou a importância do encontro em um momento que considera “um dos mais conturbados da história recente”. Segundo ela, vivemos uma transformação acelerada provocada por múltiplas crises: pandemia, mudança climática, transições ecológica, demográfica e digital, além de guerras e instabilidade política internacional.
“Estamos vivendo um momento de reorganização forçada das economias, das sociedades e, claro, do trabalho. E os sindicatos precisam encontrar seu lugar neste novo cenário global para cumprir um papel verdadeiramente transformador”, afirmou.
Com uma análise profunda sobre os desafios geopolíticos e sociais que afetam o mundo do trabalho, Faciaben compartilhou a experiência sindical espanhola, em especial os impactos da reforma trabalhista de 2021 em seu país.
Na Europa, ela apontou uma série de retrocessos. A crise de 2008 foi descrita como um “austericídio”, com severos cortes sociais e salvamento de bancos à custa da população. “Isso destruiu a confiança em um projeto europeu comum”, disse. O descontentamento alimentou o avanço do conservadorismo e o euroceticismo, com novas políticas de corte de gastos públicos que coloca em risco não apenas o bem-estar social europeu, mas a própria soberania e o modelo coletivo do bloco.
Ela alertou para os riscos da crescente militarização da política europeia, impulsionada pela guerra na Ucrânia, pela pressão dos EUA sob a liderança de Donald Trump e pelo avanço da extrema direita em diversos países da União Europeia. “Estão confundindo segurança com defesa. E esse esforço brutal de rearmamento vai sacrificar o gasto social”, advertiu.
Cristina Faciaben abordou os impactos da reforma trabalhista de 2021 na Espanha, revogando pontos da legislação aprovada em 2012 que havia flexibilizado as relações de trabalho e facilitado a contratação temporária, com o objetivo de combater a crise econômica.
A chamada “contrarreforma” trabalhista de 2021 permitiu que o país alcançasse níveis recordes de ocupação – cerca de 22 milhões de pessoas empregadas – e que o desemprego, mesmo ainda elevado (11,34%), está em seu menor patamar histórico.
A medida trouxe a valorização da negociação coletiva por setores, na qual os acordos firmados neste nível prevalecessem sobre aqueles realizados diretamente com as empresas quando fossem mais benéficos. Também houve a redução em 15% dos contratos temporários, quando, há cinco ou seis anos, era mais de 35% (do total).
“O elemento mais decisivo foi a reforma trabalhista. Mas também o pacote de medidas durante a pandemia, que protegeu os empregos por meio dos expedientes de regulação temporária. Os trabalhadores ficavam em casa com o contrato preservado e recebiam do Estado. Isso salvou empregos e empresas”, explicou.
Faciaben ressaltou que tais conquistas foram resultado direto do diálogo social entre sindicatos, patronais e governo, e não de medidas unilaterais. “Somos um sindicato independente, negociamos com todos os governos, mas não podemos deixar de reconhecer os avanços conquistados neste período”, pontuou.
Na Espanha, o modelo sindical é diferente: federações de trabalhadores, organizadas por setor ou território, integram a CCOO, confederação nacional com presença em todo o país.
Por fim, Faciaben destacou a importância da solidariedade internacional entre sindicatos e movimentos sociais, especialmente diante de desafios que são comuns em diversas partes do mundo, como o avanço da automação, a precarização do trabalho e o enfraquecimento das instituições democráticas.
“Estamos todos interconectados. O que acontece em uma parte do mundo impacta o restante. Precisamos construir alianças globais, como sindicatos, para proteger direitos, ampliar liberdades e garantir dignidade no trabalho”, concluiu.
Encerrando sua palestra, a sindicalista destacou que, diante das transformações globais, o movimento sindical deve reafirmar seu papel estratégico: “Devemos encontrar nosso lugar nesse novo mundo, para seguir atuando como força transformadora e em defesa da democracia, do trabalho decente e da justiça social.”
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