A agricultura brasileira é um dos setores mais vulneráveis às mudanças climáticas, mas também pode ser protagonista na solução do problema. A avaliação foi feita pela pesquisadora da Embrapa, Walkyria Bueno Scivittaro, durante o painel “Raízes do Amanhã: Agricultura e Futuro Climático”, que integrou a programação do 28º Painéis da Engenharia.
Com o tema “Desafios e soluções para a agricultura frente ao contexto das mudanças climáticas” o evento ocorreu nesta quinta-feira (25), no Hotel Plaza São Rafael, promovido pelo SENGE-RS com apoio do CREA-RS.
Walkyria destacou que o país já enfrenta uma emergência climática, com secas mais severas, excesso de chuvas e novas pragas, e defendeu que a adaptação deve estar no centro das estratégias do setor. “Sem adaptação não há produção, e sem produção não há sustentabilidade”, afirmou.
Segundo a pesquisadora, a agricultura é responsável por grande parte das emissões brasileiras de gases de efeito estufa, mas também possui o maior potencial de sequestrar carbono no solo. “Fazendo uma boa agricultura, conseguimos emitir menos e produzir mais. A sustentabilidade é o caminho”, disse.
Ela citou práticas como irrigação eficiente, manejo adequado do solo e melhoramento genético de cultivares resistentes como exemplos de soluções já disponíveis. E concluiu defendendo mais investimentos em ciência e inovação: “Se não houver recursos para pesquisa hoje, o impacto virá amanhã.”
A mediação do painel foi realizada pelço engenheiro agrônomo Gervásio Paulus, integrante do Conselho Técnico Consultivo do SENGE-RS
A professora da UFRGS Amanda Posselt Martins trouxe à tona a importância dos sistemas integrados de produção para a sustentabilidade da agropecuária brasileira.
a cientista de solo destacou como a integração entre lavoura, pecuária e floresta pode transformar o manejo agrícola.
“Estamos falando do futuro de todos”, afirmou Amanda ao abrir sua palestra, reforçando a necessidade de fortalecer os diferentes setores da sociedade em torno de uma produção mais sustentável. Segundo a pesquisadora, a base de todo sistema produtivo está no solo, que não deve ser visto apenas como fonte de produtividade, mas também como fornecedor de serviços ambientais essenciais, como regulação climática, sequestro de carbono e manutenção da biodiversidade.
Amanda lembrou que, historicamente, a agricultura priorizou a produção em função do crescimento populacional, seguindo o modelo malthusiano e, mais tarde, a Revolução Verde. Esse enfoque produtivista, porém, gerou problemas ambientais e uma perda significativa da funcionalidade dos solos. “Não podemos mais olhar para o solo apenas como base produtiva; ele precisa executar múltiplas funções”, alertou.
Estudos conduzidos na UFRGS mostram que a integração lavoura-pecuária, combinada com o manejo adequado, melhora a estrutura do solo, aumenta a infiltração de água e reduz perdas de nutrientes como cálcio e magnésio, diminuindo custos de produção para os agricultores.
O componente florestal também foi enfatizado como crucial. Árvores profundas ajudam a regular o ciclo hidrológico, armazenam água e nutrientes em camadas mais profundas do solo e oferecem benefícios indiretos às lavouras e pastagens adjacentes, especialmente em períodos de seca. “Não há sistemas agropecuários realmente sustentáveis sem a presença de árvores”, afirmou Amanda.
Os resultados práticos apresentados incluem experimentos com soja, arroz e pastagens, nos quais a adubação estratégica em pastagens – e não diretamente nas culturas – aumentou a produtividade e a saúde do solo ao longo dos anos. “A ciência já mostra que é possível conciliar produção agropecuária e conservação ambiental, aumentando a resiliência dos nossos sistemas produtivos”, concluiu a professora.
Em sua palestra no 28º Painel de Engenharia do Senge-RS, o engenheiro florestal Joe Valle compartilhou a experiência da Fazenda Malunga, referência nacional em agricultura orgânica e sustentabilidade no Distrito Federal. Com mais de 38 anos de prática, Valle detalhou seu modelo produtivo, que integra agricultura e pecuária, respeitando o meio ambiente e promovendo produtividade econômica.
Segundo Valle, a Fazenda Malunga trabalha com sistemas agroflorestais, combinando árvores, arbustos e plantas herbáceas para manter a fertilidade do solo e aumentar a resiliência do ecossistema. Ele destacou que o modelo é baseado em ciência e conhecimento acumulado ao longo de décadas, utilizando microrganismos, compostos orgânicos e tecnologias inovadoras, como drones e máquinas adaptadas para pequenas e médias produções.
“O nosso objetivo é produzir alimentos orgânicos de qualidade, preservar o ambiente e gerar renda, sempre com foco nas pessoas que trabalham conosco e na comunidade ao redor”, afirmou Valle. Ele ressaltou que a sustentabilidade é fruto da produtividade econômica, social e ambiental, e que seu trabalho busca inspirar outras propriedades e comunidades a adotarem práticas semelhantes.
Valle também comentou sobre a importância da extensão rural e da educação para difundir essas práticas em larga escala. Hoje, sua fazenda atende 190 mercados, mantém cinco lojas próprias e recebe mais de 1.500 visitantes anualmente, mostrando que é possível aliar agricultura orgânica, inovação tecnológica e engajamento social de forma eficiente.
“Persistência e conhecimento são nossos maiores insumos. É assim que conseguimos avançar, mitigando impactos climáticos e garantindo adaptação às mudanças do setor”, concluiu
Aproveite os descontos e promoções exclusivas para sócios do SENGE na compra de equipamentos, periféricos e serviços da DELL Technologies.
Uma entidade forte, protagonista de uma jornada de inúmeras lutas e conquistas. Faça o download do livro e conheça essa história!
Quer ter acesso a cursos pensados para profissionais da Engenharia com super descontos? Preencha seus dados a seguir para que possa entrar em contato com você:
Para realizar a sua inscrição, ao preencher o formulário a seguir, escolha o seu perfil:
Informe o seu e-mail para receber atualizações sobre nossos cursos e eventos:
Ao fornecer seu dados você concorda com a nossa política de privacidade e a maneira como eles serão tratados. Para consulta clique aqui
Se você tem interesse de se associar ao SENGE ou gostaria de mais informações sobre os benefícios da associação, preencha seus dados a seguir para que possa entrar em contato com você:
Ao fornecer seu dados você concorda com a nossa política de privacidade e a maneira como eles serão tratados. Para consulta clique aqui
Para completar sua solicitação, confira seus dados nos campos abaixo: