08/02/2010

Apagão de mão de obra especializada preocupa gestores

Por Érico Aires – Vinicius Prates – Canal RH – Intelog

Diz o ditado que depois da tempestade vem a bonança, mas a máxima não se aplica ao cenário visto pelos gestores das equipes de recursos humanos em 2009. Depois de se esforçarem para minimizar os impactos da crise mundial nos quadros de funcionários evitando cortes desnecessários, eles se veem agora, com a economia do Brasil melhorando, na expectativa de não ter mão de obra qualificada disponível para enfrentar o desafio do crescimento econômico. “Pode haver eventuais dificuldades para encontrar profissionais com alta qualificação e prontos para responder às demandas do negócio; até por conta disso, esta disputa pode inflacionar salários, mas em um movimento mais voltado para incentivos de curto prazo”, afirma o diretor de Desenvolvimento Humano e Organizacional do Grupo Schincariol, Américo Garbuio Junior. A Federação Nacional dos Engenheiros também está preocupada com o apagão de mão de obra e está realizando uma campanha a fim de atrair jovens para a engenharia.

Em períodos instáveis como os que o País enfrentou no ano passado, os setores de vendas e produção se tornam foco das atenções dos executivos e empresários. Contudo, segundo a diretora de Recursos Humanos da OdontoPrev, Rose Gabay, os Departamentos de Gestão de Pessoas também não passam incólumes aos desafios das crises: “A tensão dos mercados no início de 2009 exigiu do RH novas formas de reter pessoas e manter o engajamento dos colaboradores em um cenário de contenção de custos e instabilidade. Creio que o RH teve avanços na revisão das prioridades organizacionais”.

Garbuio Junior confirmou a necessidade de preservar o colaborador na equipe mesmo durante o período de vacas magras: “A área de RH precisa efetivamente ser vista como um parceiro de negócios; tem de possuir a habilidade de estar inserida nos principais programas e nas decisões estratégicas da empresa”. Deve agir, segundo ele, efetivamente no desenvolvimento organizacional e proporcionar sempre um ambiente inovador e de aprimoramento contínuo de pessoas.

Fidelização profissional

Segundo ele, na perspectiva de um cenário com carência de profissionais de alta qualificação, a área deve alertar para o compromisso de fidelizar os profissionais e de atrair os principais talentos criando uma base sustentável de conhecimentos e de competências. E, acrescenta Garbuio Junior, estar atento aos principais temas e inovações é essencial e vital para os recursos humanos.

O diretor do Grupo Grupo Schincariol atribuiu ao modelo de gestão parte dos bons resultados de algumas empresas durante o período da crise financeira mundial. “Posso afirmar que o grande avanço dos processos de gestão em 2009 foi a sensibilização para a importância de contar com excelentes práticas na gestão de pessoas para superar crises e estabelecer oportunidades e grandes conquistas. É notório que as organizações mais preparadas e estruturadas na gestão de pessoas passaram de uma maneira mais amena ou menos impactante pela crise financeira que assolou o mundo inteiro.”

E completou “A grande lição é que investir em pessoas, no desenvolvimento delas e na retenção do conhecimento é um diferencial competitivo valioso e que jamais deve ser desconsiderado. Ignorar e não utilizar o conhecimento instalado dentro da organização será um grande erro estratégico”.

Os executivos apontaram que as dificuldades de 2009 permitiram o aprimoramento de administração e processos, sendo que os modelos de gestão mais participativos e interativos terão prevalência em 2010. Segundo eles, buscar uma visão generalista e estratégica trará possibilidade compartilhar cenários, soluções e conhecimentos fundamentais para a sustentabilidade dos negócios.

Precisa-se de engenheiros

Pré-sal, hidrelétricas, sistema ferroviário, mobilidade urbana, habitação, saneamento e ainda Jogos Olímpicos e Copa do Mundo! A agenda de investimentos públicos e privados no Brasil nos próximos anos é extensa. Mas um desafio maior que a falta de uma ponte ou estrada, de um porto ou linha de transmissão, é a falta de gente especializada para fazê-los. O Brasil tem cerca de 800 mil engenheiros registrados, e forma novos 20 mil por ano. E isso é muito pouco. Há cerca de seis engenheiros para cada grupo de mil brasileiros economicamente ativos, enquanto em países desenvolvidos, como Estados Unidos e Japão, eles são 25. 

Esse número baixo ainda não leva em conta outro fenômeno bem conhecido por quem trabalha nas áreas administrativas e no setor financeiro: o grande número de engenheiros que não estão se dedicando a projetos dentro de sua especialidade, mas que migraram de profissão. “O baixo crescimento e poucos investimentos durante um longo período infelizmente acabaram por afastar os profissionais da área”, diz o presidente da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), Murilo Celso de Campos Pinheiro.

A Federação acredita que é preciso pelo menos dobrar o número de formandos nos próximos anos, e para isso criou um programa de incentivo para que os estudantes optem pela profissão na hora do vestibular. A FNE produziu uma série de vídeos sobre o trabalho dos engenheiros e as perspectivas de mercado, com depoimentos de recém-formados que obtiveram sucesso, para serem exibidos nas escolas de todo o País. “A ideia é chegar a 40 mil formandos por ano, o que seria um número razoável”, diz Pinheiro. Ele acredita que com um esforço maior para atrair novos talentos e as próprias oportunidades que o mercado vai oferecer o Brasil pode ter profissionais em número suficiente.

A consultoria britânica Michael Page, com cinco escritórios no Brasil, apostou nesta tendência e criou uma divisão para encontrar engenheiros e repô-los em grandes empresas. Ela está subdividida nas áreas de manufatura, construção civil e logística. No Rio de Janeiro, há ainda um departamento específico de petróleo e gás, para de atender à demanda da Petrobrás e de seus fornecedores. A empresa promove a recolocação de cerca de 50 engenheiros por mês.
“Depois de uma pequena parada no primeiro semestre de 2009, por causa dos efeitos da crise, a retomada da procura foi muito forte”, diz Augusto Puliti, gerente executivo das Divisões de Engenharia da Michael Page. Ele percebe que, em algumas áreas, os salários já começam a mostrar sinais de aquecimento. “Tem casos em que um engenheiro júnior está ganhando salário de sênior, quando não tem outro.

Puliti – engenheiro por formação – afirma que a tendência veio para ficar. Na consultoria, a área mais aquecida no momento é a da construção civil, que já vinha demandando profissionais para imóveis de alto padrão e recentemente ganhou um novo impulso com o financiamento de casas populares do programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida. Mas, as apostas não param por aí: “As expectativas são grandes na área de energia, meio ambiente, qualidade, manufatura e logística”, afirma o executivo.

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