Eduardo Leite mudou de opinião. Em 2018, na condição de candidato ao Piratini, deixou claro sua posição favorável à realização de um plebiscito para uma futura definição das privatizações da CEEE, CRM e Sulgás, como na época propunha o então governador Sartori, coincidentemente, seu adversário no segundo turno das eleições. Como principal liderança do PSDB no Estado, esta postura de Eduardo Leite contribuiu para que os planos de Sartori fossem barrados na Assembleia Legislativa.

Para surpresa geral, eleito governador, Eduardo Leite reeditou os planos de Sartori ao encaminhar para a Assembleia um novo Projeto de Lei extinguindo a exigência de consulta plebiscitária para a eventual privatização das empresas públicas. Defendo a manutenção do texto constitucional por garantir o direito da sociedade gaúcha definir o destino dessas estruturas públicas, estratégicas ao desenvolvimento do Estado. Acredito que só a realização do plebiscito permitirá que o tema das privatizações seja amplamente debatido.

Será a oportunidade para trazermos à tona de forma clara e democrática a verdadeira situação das empresas, suas particularidades, as contribuições que elas dão à sociedade, os reflexos da venda na solução da crise financeira do Estado, os interesses em jogo, entre outras vantagens que consolidam o processo como justo e adequado. Este cenário de discussão técnica e política envolvendo as privatizações é justamente o que Eduardo Leite agora quer evitar.

É impossível desconsiderar que o governador e as forças que o apoiam têm medo do plebiscito. Receiam que o debate democrático possa esclarecer definitivamente o papel das companhias no desenvolvimento do Estado, em contrapartida ao verdadeiro bombardeio que sofrem nos círculos de poder que só destacam suas dificuldades sem apresentar a qualidade dos serviços e o reconhecimento por parte da população.  

Por Gustavo Silva da Rocha
Engenheiro eletricista e diretor do SENGE-RS