15/04/2020

ARTIGO TRATA SOBRE POLÍTICAS DE INVESTIMENTO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA NO BRASIL FRENTE A DEPENDÊNCIA GLOBAL DA CHINA

A animação gráfica abaixo, sugerida WIPO (World Intelletual Property Organization) pode explicar muita coisa, sobretudo com relação ao alto grau de dependência que o mundo passou, deliberadamente, a praticar em relação a China. Mais dramático ainda é perceber a falta de uma política de inovação eficaz no nosso país, totalmente inexpressivo no cenário global.

 

Esta Pandemia certamente fará revermos muito de nossa política interna, daqui para frente, caso queiramos sair da armadilha de tentar recuperar nosso crescimento baseado, fundamentalmente, em um modelo exportador de commodities, muitas das quais de baixo valor agregado.

Segundos dados do INPI, em 2017 foram depositadas 5.480 patentes de invenção por residentes no Brasil, o que revela um crescimento de 18%, quando comparado com 2015. Entretanto, embora pareça um grande progresso, o resultado é pífio, qdo comparado às potenciais mundiais. Ou seja, não alcança 10% do que acontece nos EUA e na China, assim como Japão, Alemanha e Coréia do Sul. Tendo uma economia que se coloca entre as TOP10, o Brasil não pode se resignar a esta inexpressiva métrica/indicador de inovação.

Vejamos, o Coronavírus somente aumentou o nível de alerta para esta condição muito marginal. Vejam o caso da total carência de Máscaras tipo N95, por exemplo, fundamentais na proteção epidemiológica aos profissionais da área de saúde, localizados no Pronto Atendimento e nas UTIs dos Hospitais em todo o território nacional. O Brasil apresenta enormes plantas fabris de papel e celulose e não conta com fornecedor locais para o suprimentos destes EPIs. Isto nos fragiliza a um ponto impensável, tornando-nos reféns de situações dramáticas, nos resignando ao final da fila no suprimento deste equipamento básico. Se observarmos a capacidade de suprimento de Respiradores/Ventiladores pulmonares, a tragédia anunciada é ainda mais assustadora. Tudo bem que este não é um fenômeno restrito ao país, outras nações estão sofrendo de carências semelhantes, mas daí advém uma série de reflexões:

Onde está a política de desenvolvimento industrial nacional? Onde está a agenda de setores estratégico para manter a soberania mínima no país? Quando e quem está debatendo este ponto nevrálgico para o nosso desenvolvimento, enquanto nação? Será que somente reforma tributária/fiscal, da previdência social, da modernização da máquina pública bastam ? Qual a visão de futuro deste país? Qual a perspectiva para os milhares de jovens formados nas universidades, que entregamos à sociedade, a cada ano? Que estímulo objetivo eles tem para inovar e empreender em áreas estratégicas e não apenas em atividades de baixo valor agregado? Quando vamos debater todas estas questões, ou vamos esperar a próxima pandemia para varrer de vez com nosso futuro ?

Não há como fugir destas inquietações. Lembre-se que até os aeroportos estão fechados e muitos países irão rever suas políticas de globalização, por repensarem na suas próprias soberanias internas. Certamente a agenda mundial já mudou, caros amigos. Quero ver o que será discutido em DAVOS, no próximo Meeting Anual.

Aqui no Rio Grande do Sul, iniciativas como a Aliança para Inovação das grandes Universidades da região metropolitana de Porto Alegre e o próprio Pacto Alegre decorrente, são claros movimentos de aproximação da chamada quadrúplice hélice.

Estamos no caminho, com certeza, mas isto leva tempo, resiliência e muita estratégia/inteligência coletiva. Nosso propósito está claro, os desafios estão validados junto à sociedade. Projetos estratégicos vem sendo executados, mas precisamos acelerar alguns processos, sobretudo para reduzir os entraves já nominados.

Recordo a grande energia que foi dispendida para a aprovação de um fundo de inovação junto ao município de Porto Alegre, sobretudo frente o embate de muitas pessoas contrárias a esta visão de futuro.

Desta forma, cabe a todos nós, não buscar culpados, ou diagnosticar porque chegamos até aqui, da forma como chegamos (quase de joelhos), mas sim, pensar na estratégia futura de propagar e conscientizar toda a sociedade, de que sem conhecimento, pesquisa, desenvolvimento, inovação, alocação de recursos, capacitação de novos profissionais, promoção de aceleração de novas lideranças, disponibilidades de ferramentas e apoio efetivo; estaremos sempre à reboque e à mercê do que os outros reservam pra gente.

O "mea culpa", portanto, é geral (academia, governo, empresas, sociedade), é necessário, porém não é suficiente. Precisamos TODOS, sem exceção, refletir e conceber, com a devida profundidade política e o rigor técnico e científico que enseja, qual o projeto de nação que queremos construir daqui para frente.

Os coreanos tem hj uma Samsung, LG, Kia, Hyundai e tantas outras, porque, há trinta anos atrás, decidiram nunca mais passar fome, negando sua condição de mariscos, ao terem que se submeter aos caprichos das duas potencias que os cercam, China e Japão.

Graças a esta condição surreal que estamos vivendo, esta percepção nunca foi tão evidente e urgente. Assim, para concluir esta breve reflexão, desde aqui, na clausura prudente, compartilho minha preocupação de não perdermos a grande chance que a natureza está nos impondo severamente.

Ao findar este incêndio monstruoso, onde espera-se o retorno a uma certa normalidade desejada (toda a pandemia tem um ciclo de vida conhecido), não temos o direito de voltar ao estágio preliminar e raso do debate do papel da Inovação para um país com a envergadura que nos foi delegada.

Não caberá, na discussão firme e contundente, definir este ou aquele, como o protagonista ou indutor de uma política industrial inovadora, que mitigue riscos futuros eminentes e cada vez mais frequentes.

O jogo está nas nossas mãos, senhores. Portanto, cabe a todos nós, seguirmos os conselhos da protagonista Scarlett O´hara, na famosa cena do final deste épico hollywoodiano, lançado em 1939, retratando o período da Guerra de Secessão norte-americana de 1861. Dizia ela, no alto da colina toda queimada pelo desatino daquele momento histórico:

"And when I pass, I will never be hungry again"?

 

Dados do autor:

 

Prof. Dr. Luis Humberto Villwock
Prof. Adjunto da Escola de Negócios
Assessor da Superintendência de Inovação e Desenvolvimento – PUCRS/Tecnopuc
http://lattes.cnpq.br/1919102532933859

 

 

 

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