22/01/2021

Avanços e desafios das mulheres na Engenharia

*Comunicacao Seesp

 

Dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) 2019, do Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE), indicam que a população brasileira é composta de 51,8% de mulheres e 48,2% de homens. De acordo também com pesquisa do IBGE, os homens tiveram rendimento médio mensal 28,7% maior do que o das mulheres em 2019, considerando os ganhos de todos os trabalhos. Enquanto eles receberam R$ 2.555, acima da média nacional (R$ 2.308), elas ganharam R$ 1.985, segundo o módulo Rendimento de Todas as Fontes. Relatório do Fórum Econômico Mundial aponta que a igualdade de gêneros só se dará em 2095, isso se se continuar na evolução pelos direitos das mulheres. 

A inserção feminina no mercado de trabalho nacional inferior à presença masculina tem chamado a atenção de diversas empresas. Preocupadas em garantir a inclusão de gênero em seus ambientes, elas estão promovendo processos seletivos voltados à mulher. Em 2020, por exemplo, a siderúrgica Gerdau abriu vagas específicas para mulheres engenheiras. Uma profissão ainda com presença masculina majoritária. De acordo com dados Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) pesquisados em 19 de janeiro deste ano: dos registros ativos de todos os conselhos regionais do País, mulheres somam 183.601, e homens totalizam 793.759. 

Em 2020, a área Oportunidades na Engenharia, do Seesp, entrevistou algumas mulheres engenheiras que contaram suas experiências e trajetórias na profissão. Juliana Coelho assumiu o cargo de plant manager do Polo Automotivo Jeep, em Goiana (PE), aos 31 anos de idade. Foi a primeira mulher a comandar uma fábrica do Grupo FCA (Fiat Chrysler Automobiles) na América Latina. Aliás, as mulheres são apenas 6% da alta liderança das empresas que compõem a indústria automotiva e 17% quando consideradas todas as áreas do setor, segundo o estudo “Presença feminina no setor automotivo”, divulgado em 2018, do Automotive Business. 

À época, Coelho disse que estava surpresa com a dimensão que o anúncio da sua nomeação tomou, mas que era importante mostrar que a mulher pode e deve superar barreiras e que isso precisa se tornar comum. Contudo, a engenheira observa que o desafio da inclusão da diversidade não é só em relação ao gênero, mas de raça também, e que é necessário quebrar paradigmas para que ninguém abandone seus sonhos. 

Seguindo o conselho da mãe de enfrentar todas as barreiras de cultura, gênero e financeira, Karen Contessoto Lima foi atrás dos seus sonhos, suplantou dificuldades as mais diversas e se formou engenheira mecânica. Hoje, aos 31 anos, mora e trabalha nos Estados Unidos, como responsável por toda a área de Metalurgia e Tratamento Térmico da planta de Russellville, no Arkansas, na Mahle, empresa alemã de peças automotivas. “Entre laboratório, operação e manutenção, coordeno uma equipe de 16 funcionários, de mais idade que a minha, nesta equipe, temos uma relação incrível de parceria e respeito”, declara. 

A engenheira de aquicultura Daniele Klöppel Rosa Evangelista escolheu uma modalidade que tem apenas 46 mulheres registradas junto ao conselho da categoria contra 161 homens. Aos 38 anos de idade, ela é supervisora do Setor de Prospecção e Avaliação de Tecnologias da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Pesca e Aquicultura), em Palmas (TO). Além de estar num setor ainda pouco conhecido, ela afirma que ser mulher na engenharia requer ainda mais comprometimento, competência e seriedade. “Conheço grandes profissionais da engenharia de aquicultura que, na sua maioria, são mulheres. A cultura machista é da sociedade, não somente da engenharia. Ser mulher significa ser ativista contra a cultura do machismo, em qualquer profissão ou posição hierárquica em que estivermos”, assevera. 

Com 28 anos de uma carreira consolidada, a engenheira cartógrafa Renata Denari Elias lembra que a decisão de fazer engenharia não teve influência familiar ou de amigos. “Foi uma decisão minha ser engenheira. Nunca quis outra profissão”, gosta de dizer. Ela lamenta, todavia, que as mulheres precisem provar o tempo todo que têm a mesma competência de um homem. “Ainda hoje, se houver uma vaga na engenharia cartográfica em área rural, vão dar preferência a um homem. A desculpa utilizada é que as pessoas precisam dormir em alojamentos. Infelizmente o preconceito ainda existe”, critica. 

Por outro lado, aos 28 anos de idade, a engenheira aeronáutica Juliana Pelizzaro da Silveira vem construindo uma carreira sólida numa companhia aérea brasileira. Nessa modalidade, inclusive, a discrepância entre os gêneros é imensa: o Brasil tem 1.280 profissionais de engenharia aeronáutica, dos quais apenas 132 são mulheres. Silveira descreve a sua profissão: “Além de trabalhar na concepção e desenvolvimento do projeto de aeronaves, também podemos atuar nas áreas de operações de voo, manutenção de aeronaves dentro de uma linha aérea ou em empresas especializadas em manutenção e em safety [segurança], suporte ao operador aéreo, empresas de consultoria, carreira militar, área acadêmica (ensino e pesquisa), nas agências reguladoras, como a Anac [Agência Nacional de Aviação Civil], entre outras.” 

Carreiras vinculadas à STEM 

Outra área com grande interface com a engenharia e que ainda tem poucas mulheres à frente é a tecnologia. Nos últimos cinco anos, a participação feminina na área cresceu 60% – passando de 27,9 mil mulheres para 44,5 mil em 2019, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Mas, ainda assim, elas representam apenas 20% dos profissionais de tecnologia do País. E apenas 35% dos estudantes matriculados em carreiras vinculadas à STEM – Science, Technology, Engineering and Math (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) no ensino superior são mulheres. 

Flávia Nogueira, Head of People & Education da NESS – startup fundada em 2016,  ligada ao mercado de medicina –, afirma que a “área de tecnologia é dinâmica e não há impeditivo para a atuação feminina”. Ela acredita que a cultura e o olhar da organização em não qualificar o profissional pela aparência e sim valorizá-lo pelo seu conteúdo e conhecimento faz a diferença na equidade de oportunidades. “A organização que valoriza seus colaboradores pelas competências técnicas e comportamentais também é aquela que preza pela igualdade de direitos, inclusive em relação a questões salariais”, ressalta. 

Igualdade de gênero é um direito humano 

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) tem 12 convenções que dispõem sobre a proteção à mulher e a igualdade de gênero, das quais seis foram ratificadas pelo Brasil. Laís Abramo, diretora do escritório da OIT no Brasil também observa que a negociação coletiva é um mecanismo importante para a promoção da igualdade de oportunidades no trabalho, porque pode assegurar algumas condições básicas para a existência da igualdade: remuneração igual para um trabalho de igual valor; garantia e ampliação da proteção legal à maternidade; outros direitos que promovam o maior equilíbrio entre o exercício da maternidade, da paternidade e do trabalho e as responsabilidades familiares. 

As convenções 

Convenção nº 3 sobre a proteção à maternidade, 1919

Convenção nº 4 sobre o trabalho noturno (mulheres), 1919

Convenção nº 41 (revisada) sobre o trabalho noturno (mulheres), 1934

Convenção nº 45 sobre o trabalho subterrâneo (mulheres), 1935

Convenção nº 89 sobre o trabalho noturno (mulheres), 1948 e Protocolo, 1990

Convenção nº 103 sobre a proteção à maternidade (revisada), 1952

Convenção nº 100 sobre a igualdade de remuneração, 1951

Convenção nº 111 sobre a discriminação (emprego e ocupação), 1958

Convenção nº 156 sobre os trabalhadores com responsabilidades familiares, 1981

Convenção nº 171 sobre o trabalho noturno, 1990

Convenção nº 183 sobre a proteção à maternidade (revisada), 2000

Convenção n 189 sobre trabalho decente para trabalhadoras/es domésticos/as, 2011 

 

ASSISTA TAMBÉM:
 

“Mulheres na Engenharia – Relatos multigeracionais” 

Roda de conversa virtual promovida pelo SENGE na Semana do Engenheiro 2020. 

 

 

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