10/11/2010

Capital poderá ter usina de queima de lixo

Utilizada em países desenvolvidos para dar fim ao lixo urbano, a incineração não poluente poderá chegar à Capital. A pedido do prefeito José Fortunati, técnicos da prefeitura deram início a estudos para a instalação de uma usina de queima de resíduos a fim de, sob rígidos padrões ambientais, produzir energia.

Oobjetivo da medida seria reduzir o volume enviado ao aterro sanitário de Minas do Leão, município localizado a 80 quilômetros da Capital. Diariamente, uma frota de 28 carretas circula entre as duas cidades transportando 1,2 mil toneladas de lixo recolhidas das ruas e de avenidas. Em média, são 70 viagens diárias que se iniciam às 8h e só se encerram às 2h do dia seguinte.

O deslocamento é necessário devido ao esgotamento dos aterros da Capital, desde 1990. Outros 140 municípios gaúchos também enviam para Minas do Leão, sob responsabilidade da empresa Sil Soluções Ambientais, os resíduos gerados por seus habitantes. Por dia, 2,5 mil toneladas de lixo são depositadas no município da Região Carbonífera, o equivalente a 34% do total produzido no Estado, segundo o gerente comercial da Sil, Antônio Saldanha Nunes.

Para custear o transporte do lixo, Porto Alegre desembolsa por mês, em média, R$ 650 mil. Só não vão para o aterro os materiais que os catadores recolhem antes da chegada dos garis do DMLU e os resíduos que a população destina à coleta seletiva, no total de cem toneladas por dia. Os recicláveis passam por seleção em 16 galpões de triagem espalhados pela cidade.

Investimento seria por meio de PPP

Assessor técnico da direção-geral do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), Carlos Vicente Gonçalves explica que o momento atual é de estudo das tecnologias de incineração existentes e do tipo de energia que poderia ser gerada. Gonçalves informa que qualquer decisão só será tomada após ampla discussão, por meio de audiências públicas:

– A usina é indispensável, mas ainda temos um fôlego para um ou dois anos para as definições.

A ideia de Fortunati é viabilizar o alto investimento por meio de uma parceria público-privada (PPP). Pelo modelo, o grupo privado que construir e operar o Centro de Tratamento de Resíduos receberia da prefeitura, por determinado período de tempo, um valor mensal para manter a usina. Ou seja, em vez de gastar R$ 650 mil com o modelo atual de destinação do lixo, esse montante poderia ser transferido gradualmente para o novo sistema.

– Queremos buscar tecnologia de ponta, talvez fazendo parcerias com multinacionais. Tentaremos lançar o edital em 2011 – antecipa o prefeito.
Números da coleta
– Cada morador de Porto Alegre produz por dia, em média, um quilo de lixo
– Enquanto a coleta seletiva totaliza cem toneladas diárias, outras 1,2 mil toneladas são enviadas ao aterro sanitário de Minas do Leão
– Por dia, uma frota de 28 carretas realiza 70 viagens para transportar o material entre as duas cidades
– O custo do transporte e da destinação do material é de R$ 650 mil por mês
Prioridade deve ser coleta seletiva, diz especialista
A ideia de instalar uma usina de incineração de lixo na Capital é um assunto controverso entre especialistas. Embora a tecnologia existente no mundo seja considerada eficiente para reduzir o volume de resíduos enviados a aterros sanitários, sem causar danos ambientais, há quem ache prioritário investir na reciclagem.

Especialista em resíduos urbanos, a engenheira química Liliana Amaral Féris avalia que a queima é vantajosa por reduzir montanhas de lixo a cinzas, boa alternativa para países com pouco espaço físico disponível.

– Esse método não gera poluição do ar, já que as reações químicas envolvidas na queima ocorrem dentro do equipamento, que tem filtros, acessórios e dispositivos que impedem que os gases poluentes sejam emitidos à atmosfera – explica Liliana, também professora do Departamento de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A desvantagem, na visão da especialista, é que o processo é muito caro, devido ao custo dos equipamentos. Para Liliana, antes de a Capital migrar para a incineração, é fundamental consolidar a coleta seletiva, para evitar que materiais reaproveitáveis sejam inutilizados.

A opinião é compartilhada pela bióloga Arlinda Cézar, que conhece usinas de incineração da Alemanha e da França. Diretora administrativa da ONG Instituto Venturi e especialista em resíduos sólidos, ela defende a queima, mas em um segundo momento:

– Para a prefeitura, o incinerador é muito cômodo. Do ponto de vista socioambiental, essa tecnologia é péssima para o Brasil. O foco deve ser a educação ambiental, o incentivo à coleta seletiva e a formação de quem vive do lixo.

Para Arlinda, é temerário entrar direto na incineração do lixo sem atrelar o novo sistema a um plano de gerenciamento integrado de resíduos sólidos. Porto Alegre precisa, segundo a especialista, ampliar consideravelmente o percentual do lixo reciclado.

Fonte: Zero Hora

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