Desde janeiro, foram 721 ocorrências em Porto Alegre. No caso mais recente, ocorrido ontem, dois idosos precisaram de atendimento médico

O incêndio em um prédio no Centro Histórico, na manhã de ontem, eleva para 721 o número de ocorrências em Porto Alegre ao longo deste ano, o que representa em média dois incêndios em edificações por dia. Conforme o Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul, no mesmo período, o Estado registrou 5.623 casos.

A ocorrência de ontem, no residencial Marechal Trompowsky, aconteceu por volta das 9h30min. O fogo começou em um apartamento no quinto andar. A moradora, de 84 anos, foi levada para atendimento no Hospital de Pronto Socorro (HPS) com queimaduras. Um idoso também foi conduzido ao mesmo centro de saúde para atendimento por inalar fumaça. Os dois estavam em estado estável de saúde.

Capitão do Corpo de Bombeiros, Thiago Bona ressalva que as causas da ocorrência recente ainda estão em apuração. Segundo análise preliminar, o fogo teria começado depois da utilização de uma vela – o que costuma ser frequente. Mas o bombeiro destaca que redes elétricas antigas, uso de ar-condicionado e de equipamentos de forma concomitante com sobrecarga em tomadas também são fatores de risco. Além disso, panelas no fogo e utilização de óleo muito quente exigem cuidado permanente:

– Observamos que muitas pessoas desconhecem o nosso número 193 ou acabam ligando muito tarde. É importante saber o número. Também vale dizer que iluminação de emergência e placas de sinalização são medidas extremamente importantes na hora de escapar de um incêndio.

Pietro da Silva, 24 anos, é afilhado da idosa ferida e mora com ela no apartamento onde o fogo. Tenha luzes de emergência, começou. Ele soube do fato quando estava no trabalho.

– Ela acabou se queimando principalmente na cabeça. Talvez em algumas outras partes do corpo também, mas quando ela tava aqui embaixo, já estava sendo tratada e consciente. Ainda não sei se sobrou alguma coisa no apartamento – contou.

O incêndio ainda atingiu imóveis logo acima de onde começou o sinistro, do sexto e sétimo andares, o que coloca em três o número de moradias danificadas.

Causas multifatoriais

Incêndios, em geral, acontecem a partir de uma fonte de ignição junto de um material combustível e sem uma contenção adequada, explica João Vivian, vice-presidente do Sindicato dos Engenheiros (Senge-RS). Falhas estruturais e em medidas de segurança, como falta de elementos resistentes ao fogo, portas corta-fogo, extintores e hidrantes também contribuem para aumento da gravidade.

Ele acrescenta que instalações elétricas prediais exigem fiscalizações permanentes e revisão por profissionais legalmente habilitados em projeto.

Dicas para evitar essas ocorrências

Evite ligar ao mesmo tempo aquecedor, ferro de passar roupa, chuveiro elétrico e torneira elétrica.

Não sobrecarregue as tomadas.

Tenha luzes de emergência, que funcionam em caso de interrupção da rede elétrica.

Nunca deixe as bocas do fogão acesas sem uso.

Se usar velas, mantenha dentro de copos altos e nunca sobre pratos nem próximo a cortinas, móveis ou tapetes.

Verifique mangueiras e registro de gás fazendo a checagem periodicamente, e evite deixar aparelhos eletrônicos carregando nas proximidades desses objetos.

Ao fazer reparos no sistema elétrico, contrate sempre um profissional habilitado.

Em caso de emergência ligue 193, o telefone do Corpo de Bombeiros.

Reportagem: Pamela Rubin Matge e Vinicius Coimbra (Zero Hora – 27/11/2025)

Foto: Jonathan Heckler