Pelas marcas na parede da casa da avó Luiza, a museóloga Sofia Perseu, de 26 anos, estima que a água tenha chegado a 1,5 m. “Não era nem água do Guaíba, era puro esgoto. Veio tanto dos bueiros da rua, da parte de fora, quanto de dentro da própria casa, saindo pela torneira, pelos ralos, pelo vaso dos banheiros. Foram muitas perdas: móveis, tapetes, roupas, documentos. Foi impressionante ver a força da água, porque muitos móveis estavam derrubados no chão. A geladeira ficou boiando com os alimentos mofados. É um cheiro inesquecível”.
A residência fica no bairro Menino Deus, de onde dona Luiza precisou sair no dia 3 de maio. Agora a rua Rafael Saadi, onde fica a casa, está seca. Mas o local começou a alagar antes mesmo do desligamento da casa de bombas da região, que causou a inundação dos bairros Menino Deus e Cidade Baixa, no dia 6. Na opinião da neta, uma limpeza pesada não vai ser suficiente para que o local volte a ser habitável.
Já a estudante de Publicidade e Propaganda Maria Eduarda Konzen, 19 anos, que mora em um apartamento térreo no bairro Cidade Baixa, percebeu várias bolhas nas paredes quando voltou para o local. “A porta do meu quarto estava com muito mofo, tivemos que tirar porque estufou. O quarto em si, com bastante mofo também”.
Maria Eduarda calcula em 1,7 m a altura da água, que a fez perder a maior parte da mobília. “O processo de limpeza está sendo bem cansativo, porque é muita lama, é muita água, é muita sujeira. Mas, felizmente, eu estou tendo ajuda dos vizinhos e de familiares. Já estamos em três, quatro dias de limpeza”, relata.
O engenheiro Rogerio Severo, especialista em saneamento e engenharia ambiental de obras civis e representante do Sindicato dos Engenheiros (SENGE RS), explica que o impacto da água se dá principalmente no solo. “Circulam imagens de estradas onde parece que o asfalto ‘rachou’, e parece que ele quebrou todo. Na realidade, o rio e a correnteza que acabaram com a base e o solo embaixo do pavimento que cede, e por conta disso desagrega toda a estrutura do pavimento”.
O mesmo tende a acontecer com as edificações, segundo o engenheiro, mas não de uma hora para outra. “Quando as águas começam a evaporar, o solo tende a descer e a fundação de algumas casas cede. Isso se verifica quando, eventualmente, cai uma placa ou outra da parede ou do forro e aparecem rachaduras nas paredes. São os primeiros grandes sinais. A partir disso, tem um tempo para entender se uma construção está segura ou não, por isso a importância da vistoria de segurança ser feita por engenheiros e técnicos”.
A arquiteta e urbanista Inês Martina Lersch, Professora da Faculdade de Arquitetura da UFRGS e Conselheira Federal Suplente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/RS), chama atenção para a umidade remanescente nas edificações. “Estruturas de alvenaria vão ficar por um longo tempo ainda úmidas. Recomenda-se a avaliação de estruturas e espaços por profissionais especializados, a fim de prescrever medidas de correção adequadas para que possam ser usados. Pode haver também uma deterioração dos revestimentos devido à umidade ou ainda processos de proliferação de fungos e outros agentes de degradação dos materiais”. Daí a importância de uma adequada ventilação nos ambientes.
Na casa de dona Luiza, a neta Sofia identificou vários danos permanentes. “A casa, como é muito antiga, já tinha algumas pequenas rachaduras que foram acentuadas. Mas eu não imaginei que as outras partes da casa, que não tiveram contato com a água, iam estar tão danificadas. Tem infiltração por todo o teto, tem goteira, tem mofo. Ainda que agora se limpe, a casa não tem como ser habitada de novo sem uma reforma muito grande e muito cara”, afirma.
É diferente dos deslizamentos de terra que foram registrados em cidades como Gramado e que desmembraram casas inteiras. Conforme Severo, esse fenômeno acontece nos morros. “O solo fica muito úmido, muito pesado e ao mesmo tempo sem aderência entre o solo e a rocha, e ocorre o deslizamento de grandes volumes de solo”, explica.
*Fonte: Sul21
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