A derrubada das árvores para a duplicação da Avenida Edvaldo Pereira gerou discussões que vão além do impacto ambiental gerado pela ação em detrimento da necessidade de crescimento e desenvolvimento das cidades. O alargamento da pista é um dos projetos de preparação de Porto Alegre para receber a Copa do Mundo de 2014. Conheça alguns dos posicionamentos sobre o assunto a partir de reportagem publicada na Zero Hora e de documento divulgado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil no Rio Grande do Sul (IAB-RS) listando os motivos pelos quais a entidade é contra a obra.
Impasse com manifestantes emperra obra na Capital
Zero Hora (24/05)
Um impasse freia a continuidade da duplicação da Avenida Edvaldo Pereira Paiva (Beira-Rio), em Porto Alegre, depois que as negociações com grupos contrários à obra se esfarelaram.
Enquanto o tempo pressiona a prefeitura para recomeçar as derrubadas de árvores para essa obra da Copa 2014 — barradas pela Justiça até o último dia 16 em toda a Edvaldo, e agora proibidas somente na Praça Júlio Mesquita —, o movimento Ocupa Árvores não arreda as barracas dos arredores da Usina do Gasômetro e rejeita corte algum.
Nesta quinta-feira, a prefeitura anunciou o rompimento das negociações com os manifestantes, após oito encontros, o último deles no sábado. Da proposta final de seis itens, entre eles a colocação de lombadas eletrônicas nas proximidades do Gasômetro, a análise sobre preservação de um pequeno conjunto de árvores marcadas para serem cortadas e a criação de passarelas entre a Praça Júlio Mesquita e a usina, nenhum foi aceito.
Alguns dos itens já haviam sido ventilados em 10 de abril, em uma consulta pública da qual participou a líder do movimento Viva Gasômetro, Jacqueline Sanchotene. A Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) não foi informada, assim como o Quantas Copas por uma Copa?. O negociador oficial da prefeitura, secretário de Governança, Cezar Busatto — escaldado depois de ser agredido em frente ao Paço Municipal em março, durante protesto contra a tarifa de ônibus —, está nos Estados Unidos. O resultado é uma dificuldade de interlocução entre as partes.
A seção gaúcha do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-RS) é crítica à obra. A instalação de redutores de velocidade em uma via duplicada para ter melhor fluxo soa como um contrassenso para o secretário-geral do IAB-RS, Rafael Passos:
— É um atestado de projeto malfeito. É um muro horizontal que está ganhando largura — afirmou.
A prefeitura concorda que houve pouco debate sobre as obras. Tanto que um dos seis pontos oferecidos ao movimento foi uma maior participação na discussão de questões ambientais da cidade. Outro problema é a falta de entendimento sobre detalhes da obra.
A proposta da prefeitura feita ao movimento prevê, por exemplo, a instalação de redutores de velocidade entre a Usina do Gasômetro e a Praça Júlio Mesquita, sendo que o alargamento da via serve para liberar o fluxo.
— Mesmo com as lombadas, o trânsito vai fluir. Essa é a nossa convicção, senão não faríamos a obra — disse o secretário-adjunto de Governança Local, Carlos Siegle de Souza.
Tensão aumenta pela chance de retirada do grupo
A tensão é crescente a cada dia, com a virtual aproximação do recomeço das derrubadas. Ainda não há data certa para a ação. Nem se sabe, na verdade, se a prefeitura irá divulgá-la.
O secretário municipal de Gestão, Urbano Schmitt, já havia dado o dia 15 passado como prazo máximo. Engenheiro das obras da Copa, Rogério Baú é enfático sobre o atraso:
— Não temos mais condições de seguir o cronograma.
Liberados os cortes na Beira-Rio pela Justiça e com o fim das negociações, a prefeitura quer retirar os cerca de 20 manifestantes acampados ao lado da Câmara Municipal o quanto antes. A Procuradoria-geral do Município estuda medidas legais.
Uma provável ação da Brigada Militar para desocupar a área seria muito complexa, já que há vários acessos para serem bloqueados. Também afetaria o trânsito. Na quarta-feira, a retirada de um comerciante de um terreno no caminho da obra, perto do Estádio Beira-Rio, mobilizou cerca de 50 policiais militares e civis, bombeiros e funcionários do Samu, e levou seis horas para ser cumprida.
As seis propostas da prefeitura
1) Colocação de lombadas eletrônicas nas proximidades da Usina do Gasômetro, com limite de 40km/h.
2) Análise em conjunto com técnicos do município e comissão do grupo sobre cada uma das 22 árvores que tiver alguma possibilidade de preservação, mesmo que implicasse em pequena mudança no projeto e maior dispêndio de recursos.
3) Realização de concurso público, com participação na comissão julgadora de entidades como IAB e dos próprios acampados, para projeto de passarela entre a Praça Júlio Mesquita e a Usina, contemplando também projeto para a estrutura do aeromóvel.
4) O grupo ajudaria a prefeitura a identificar os locais de plantio das mudas de mitigação e ajudaria a cuidar delas.
5) Retirada do estacionamento do Gasômetro, que seria transformado em área verde, como parte do futuro Parque do Gasômetro.
6 ) Maior participação e debate sobre as próximas obras e questões ambientais na cidade.
Razões contra a duplicação da Av. Edvaldo Pereira Paiva
Por Nazareth Agra Hassen – Blog do Instituto de Arquitetos do Brasil no Rio Grande do Sul (IAB-RS)
RAZÕES por que somos contra a DUPLICAÇÃO da Avenida Edvaldo Pereira Paiva.
1. O alegado congestionamento de tráfego não existe. Nem mesmo nas sextas-feiras à tardinha o trânsito para. Apenas se torna mais lento. Nessa ocasião, poderia ser feita a inversão de sentido de pistas (sem custo financeiro, ambiental e social)
2. É um absurdo que nosso dinheiro vá para uma obra desnecessária quando poderia ir para escolas, saúde e segurança.
3. A obra prejudicará a cidade ao criar no mínimo seis pistas separando a comunidade da Usina do Gasômetro, tornado as vias mais perigosas com a alta velocidade de automóveis.
4. Atravessar a pé a avenida será ainda mais penoso e difícil principalmente para todos e em especial para crianças, grávidas, idosos e pessoas com deficiência.
5. Em nenhum lugar do mundo se criam free-ways no seu centro histórico. Ao contrário, criam-se praças onde havia trânsito.
6. A Prefeitura poderia investir nosso dinheiro em transporte público que diminuiria o número de carros individuais no Centro Histórico (é o que fazem as cidades que optaram por se humanizarem ).
7. Essa oposição à obra não é só de ambientalistas. Somos moradores e cidadãos de Porto Alegre, que vivemos a cidade e nos informamos sobre cidades mais humanas.
8. As mais de cem árvores que querem cortar são necessárias para todos, pois são adultas, levaram décadas para chegarem a este ponto, fornecem sombra, mantêm flora adaptada, entre muitos outros benefícios.
9. Se a Prefeitura tem capacidade para plantar mais milhares de árvores, por que não as planta independentemente de compensação?
10. No passado, foi a população que impediu que prefeituras anteriores derrubassem o Mercado Público (em nome do “progresso”) e também a implosão da Usina do Gasômetro para ali passar uma avenida. Então não somos do contra, talvez sejamos pessoas com alguma informação a mais do que as pessoas que se deixam iludir pela mídia.
11. Também no passado a população abraçou o Guaíba não contra a avenida Beira-Rio, e sim para impedir os espigões e postos de gasolina projetados para toda a orla.
12. A cidade fica mais feia quando tomada por grandes avenidas.
13. Mais asfalto = menos permeabilidade = mais alagamentos = mais desconforto térmico.
14. Queremos um desenvolvimento de cidade centrado no ser humano e não no lucro e na máquina.
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