Por Erik Farina
Jornal do Comércio

A esperada ampliação da fábrica da General Motors (GM) em Gravataí teve início ontem, quando as escavadeiras começaram a preparar o terreno para as obras. A governadora Yeda Crusius, ao lado de Jaime Ardila, presidente da GM do Brasil e Mercosul, pressionou o botão simbólico de início da construção. A expansão receberá investimento de R$ 1,4 bilhão, o que marcará a segunda ampliação do Complexo Industrial Automotivo de Gravataí (Ciag). No total, a capacidade de produção se elevará das atuais 230 mil unidades para 380 mil unidades ao ano. A expansão faz parte do Projeto Ônix, que prevê a fabricação de dois novos modelos no País e absorve aporte total de R$ 2 bilhões.

As obras de ampliação começam imediatamente e devem estar concluídas em dois anos. A montagem dos dois novos carros começará em outubro de 2012. "A expansão tornará a unidade em Gravataí a maior da GM na América Latina e uma das maiores e mais modernas do setor automotivo no mundo", afirmou Ardila. A ampliação ocorrerá por meio da expansão das atuais estruturas industriais da GM em seu parque de Gravataí. Os edifícios serão aumentados para receberem as novas linhas de produção. O prédio de peças estampadas, localizado na parte de trás da planta, ampliará a capacidade das atuais 5 mil toneladas de aço trabalhado para 8,5 mil toneladas.

O prédio de carroceria será ampliado em 12 mil metros quadrados, com a aquisição de 250 robôs, o que praticamente dobrará o número de máquinas em setores como pintura, produção, estofaria e montagem geral.

Com a expansão, a automação dos sistemas na carroceria chegará a 90%. As reformas também possibilitarão a eliminação do uso de empilhadeiras. Na entrada pela BR-290 (freeway), a unidade de pintura aumentará a capacidade das estufas para selagem, e serão incorporados avanços para melhorar a ergonomia do trabalho. Algumas etapas da pintura serão transferidas para o setor de carroceria, de forma a melhorar a produção.

A ampliação também prevê a otimização da infraestrutura da fábrica. Os sistemas de arrefecimento e energia receberão investimentos e serão incorporados novos sistemas de proteção. No total, a expansão acrescentará 74 mil metros quadrados, entre ocupação de terrenos e ampliação de prédios cobertos, aos atuais 216 mil metros quadrados da área útil da fábrica, crescimento de 35%. "Será uma nova fábrica dentro da atual fábrica", disse Walter Othero, diretor de operações da GM no Estado.

A expansão irá gerar mil novos empregos diretos apenas na GM, número que deverá crescer à medida que a montadora defina os fornecedores. A escolha dos sistemistas que participarão da expansão ocorrerá nos próximos dois meses, quando a GM analisará as propostas das companhias candidatas. Trabalharão nas obras de ampliação 1,5 mil pessoas.

Projeto Ônix se somará aos atuais modelos

Os dois novos automóveis do Projeto Ônix inicialmente não substituirão as atuais linhas da GM, mas se somarão no mercado, oferecendo novas alternativas ao cliente. "O consumidor é quem definirá quais linhas serão produzidas e quais sairão do mercado", explica Jaime Ardila, presidente da General Motors do Brasil e Mercosul.

Os dois automóveis utilizarão novas plataformas e terão em sua concepção o que há de mais moderno em montagem. Especialistas acreditam que serão modelos populares compactos, seguindo os modelos atuais produzidos em Gravataí.

O Projeto Ônix reflete o otimismo da GM com a situação econômica do Brasil e com o mercado consumidor em efervescência. Ardila aposta em um acréscimo de 15% nas vendas da montadora no Brasil neste ano em relação a 2009, chegando a 600 mil carros. "O Brasil é o quarto maior mercado do mundo, com consumo de 3,3 milhões de unidades anuais", lembrou.

Ardila acrescentou que a alta dos juros e o fim da redução de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis já estavam nos planos da GM na definição do investimento, o que, na concepção da empresa, não afetará o mercado de forma significativa. (EF)

Pinheiro Neto agradece ajuda do governo do Estado para viabilização do empreendimento
O vice-presidente da GM do Brasil, José Carlos Pinheiro Neto, usou um discurso bem-humorado para falar da negociação junto ao governo do Estado para viabilizar a expansão da unidade de Gravataí. Fez referência às negociações com o ex-secretário da Fazenda Aod Cunha e com o atual secretário, Ricardo Englert, para acertar as condições para a instalação, em uma negociação em que ficou claro que ambos eram "pães-duros".

Pinheiro Neto lembrou também da atenção dos bancos envolvidos no processo de financiamento e agradeceu pelo suporte.

Mais de um terço dos recursos (R$ 544 milhões) serão oriundos de financiamentos de bancos públicos (Banrisul e Brde, com repasse de linha do Bndes). A expansão também terá benefícios no recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) por dez anos. "Temos aqui no Estado um processo de desburocratização que tem estimulado a atuação empresarial", disse Pinheiro Neto.

A governadora Yeda Crusius afirmou, em seu discurso durante a solenidade, que o investimento é importante e sinaliza uma situação de futuro da fábrica alinhada ao futuro do Rio Grande do Sul e do Brasil. (EF)