Em entrevistas concedidas à imprensa nesta semana, o vice-presidente do SENGE-RS, João Leal Vivian, analisou os recentes episódios de incêndios registrados em Porto Alegre, destacando a situação das edificações históricas e mais antigas da capital.

Em suas manifestações, o dirigente do Sindicato reforçou que a principal causa de incêndios continua sendo de origem elétrica. Segundo ele, “as estatísticas demonstram que 90% dos incêndios em imóveis no país têm origem em equipamentos ou em alguma fiação elétrica em mau estado”, o que evidencia a importância de inspeções técnicas qualificadas. Vivian destacou ainda que a legislação já prevê mecanismos de prevenção, mas que eles não vêm sendo aplicados de forma adequada porque, em muitos casos, não são contratos profissionais legalmente habilitados para os projetos.

Ao comentar o aumento no uso de aparelhos de ar-condicionado com a chegada do verão, o engenheiro reforçou que cada caso deve ser analisado individualmente, mas que revisões periódicas são indispensáveis. “Não dá para generalizar, mas é essencial revisar as instalações, especialmente quando equipamentos novos são adicionados a redes antigas que não suportam a carga.” O vice-presidente do SENGE-RS também chamou atenção para sinais de risco que podem ser observados pelos próprios moradores. “O aquecimento de uma tomada ou da fonte de um equipamento é um sintoma importante. Isso indica problema na instalação e precisa de avaliação imediata.”

Vivian ainda ressaltou que a segurança contra incêndio não depende apenas dos Bombeiros, mas é compartilhada entre três instâncias: o poder público, os profissionais responsáveis e os proprietários dos imóveis. “Nossa legislação prevê a tripla responsabilidade. Todos precisam cumprir seu papel”, afirmou. Nesse contexto, o engenheiro defende a inspeção predial periódica como política pública e como rotina de manutenção. “Dois instrumentos deveriam detectar falhas elétricas: o laudo técnico e a inspeção predial. Ambos são fundamentais e precisam ser levados a sério.”

Sobre os prédios históricos inventariados de Porto Alegre, o dirigente ponderou que a preservação é necessária, mas não pode comprometer a segurança. Ele lembrou episódios nacionais, como o incêndio do Museu Nacional, para reforçar o alerta. “Edificações históricas têm particularidades — muita madeira, estruturas antigas — e isso aumenta a carga de incêndio. Mas há tecnologia para intervir com segurança, desde que haja planejamento e autorização adequada.”

Outro ponto relevante tratado na entrevista foi a falta de fiscalização e o abandono de diversos prédios no centro da capital. “Temos edifícios históricos abandonados, depósitos improvisados após a enchente e ocupações irregulares sem garantia mínima de segurança. Isso aumenta de forma significativa a carga de incêndio e o risco de colapso estrutural”, alertou.

O vice-presidente do SENGE-RS também reforçou que o planejamento urbano precisa incorporar o tema da segurança contra incêndio de forma definitiva. “A lei federal é clara: o planejamento das cidades deve considerar os requisitos de segurança contra incêndio. Esse debate precisa avançar com urgência.”

Confira a cobertura da imprensa:

Diante da alta de grandes incêndios em Porto Alegre, saiba o que fazer para evitar ocorrências (Correio do Povo)