O entra e sai de pessoas dos armazéns pintados de amarelo, o bonde riscando os trilhos, os guindastes de estiva ornamentando o pôr do sol, embarcações singrando o Guaíba. Esse retrato, que está encravado na memória de uma Porto Alegre do passado, ganhou ontem contornos de futuro.
Apresentado pelo consórcio que deverá executar a revitalização do Cais Mauá, o novo visual da área do porto, que compreende a faixa da Usina do Gasômetro à Estação Rodoviária, poderá virar realidade até a Copa de 2014. Elaborado pelo escritório do urbanista Jaime Lerner e pela empresa espanhola de arquitetura b720, o projeto promete preservar edifícios e equipamentos históricos, retomar exemplos do passado e construir estruturas que tornarão a orla central mais moderna e integrada à cidade.
Divididos em três setores (Gasômetro, armazéns e docas), os dois quilômetros do cais serão transformados em um centro de compras, cultura, lazer e negócios. Integrar os porto-alegrense à sua orla era o principal desafio dos arquitetos. Para superar esse obstáculo, Jaime Lerner – ex-prefeito de Curitiba e ex-governador do Paraná – criou uma alternativa capaz de tornar atrativo o muro da Mauá, a polêmica parede de concreto que separa o Centro do cais.
– Não se pode ter medo do muro – afirma Lerner.
Sem poder destruí-lo, o urbanista resolveu embelezá-lo. Transformou-o na prancheta em uma cortina de água iluminada. Outra grande novidade são as alternativas de acesso para superar a barreira representada pelo muro e pelas avenidas que correm junto a ele.
Perto da Usina do Gasômetro, o porto será integrado à cidade por meio de uma área verde que será prolongada até a Praça Brigadeiro Sampaio e que passará por cima da Avenida Presidente João Goulart. Na Estação Mercado do trensurb e na Rua Ramiro Barcelos serão criadas novas ligações ao complexo. O bonde que circulava na primeira metade do século 20 também deverá ser retomado.
Todas essas mudanças dependem ainda do governo do Estado. Em 10 dias, a comissão de licitação deverá analisar o projeto e executar a última etapa da concorrência, apresentando o valor do empreendimento, que deverá ficar em torno dos R$ 500 milhões. A previsão do Piratini é assinar o contrato com o consórcio até o fim de novembro.
Shopping com teto de praça
Junto ao Gasômetro, surgirá um novo shopping center que propiciará também uma forma inovadora de acesso ao cais. A ideia é criar uma área verde que servirá de prolongamento à Praça Brigadeiro Sampaio, passará por cima do centro de compras e irá até o Guaíba, integrando a cidade ao cais. Para isso, a Avenida Presidente João Goulart será rebaixada ao longo de 150 metros, transformando-se em um túnel no trecho. Por cima desta passagem, a praça será interligada ao shopping por um tapete de grama. Com esta solução, os arquitetos conseguiram criar uma interligação direta entre a cidade e o Guaíba sem a retirada do muro. Os setores de compras e alimentação do shopping não serão fechados, mas integrados ao cais e ao Guaíba, por meio de uma área envidraçada.
Torres com vista para o pôr do sol
O Business Center, como os arquitetos denominam a área de escritórios e hotel, será formado por três torres. De acordo com o arquiteto espanhol Fermín Vázquez, as construções seguem uma lógica visual que tenta diminuir o impacto para o restante da cidade. Serão edificadas onde estão as atuais docas, que serão destruídas. Duas delas serão destinadas exclusivamente a salas comerciais e lojas. O formato será de prisma triangular, para favorecer a visualização do Guaíba. Todas as estruturas serão interligadas por passagens protegidas. Áreas de circulação pública estão previstas para incentivar a integração com moradores da cidade.
Anfiteatro verde com estacionamento
Construído nos anos 40, em estilo art déco, o prédio que servia de frigorífico das docas será reformado. O edifício permanecerá com o desenho original, mas por dentro vai virar um centro cultural, com áreas para palestras, convenções e apresentações artísticas. Para o arquiteto Jaime Lerner, o espaço será um dos principais atrativos para os jovens de Porto Alegre.
A praça Edgar Schneider, que fica junto ao prédio, passará por remodelação. Pelo projeto, está previsto um anfiteatro verde, onde poderão ser realizados shows. Em parte da área será feita uma elevada coberta com um tapete de grama. Na elevada, está prevista a construção de estacionamentos para cerca de 400 veículos. Para facilitar o acesso à área, haverá o prolongamento de uma passarela da Rodoviária até a região.
Armazéns com recheio
Tombados pelo patrimônio histórico, os armazéns vão manter o desenho original, mas serão reformados. Em sua área externa, próximo à Avenida Mauá, funcionará uma linha de bonde, para turismo e deslocamentos no interior do complexo. O mesmo setor ganhará ainda pista de serviço e pontos de estacionamentos. Do outro lado do armazém, junto ao Guaíba, o cenário contemplará uma ciclovia, áreas de circulação de pedestres e prolongamento de bares e restaurantes. Dos 12 armazéns, apenas o que não foi tombado será destruído, dando lugar ao que os arquitetos denominam de praça de sombra, um local de lazer e convivência. Como os paralelepípedos também são tombados, o calçamento será reformado, criando um “tapete de granito”.
O patinho feio vira cisne
O projeto transforma em ponto de atração o polêmico muro da Mauá, considerado um empecilho para a integração entre o Guaíba e a cidade. A estrutura de concreto vai se transformar em uma cortina de água. Pelo projeto do urbanista Jaime Lerner, um sistema hidráulico será construído junto ao muro, fazendo com que um curso de água constante caia, formando uma pequena cachoeira. Com o auxílio de uma iluminação especial montada no chão, o muro brilhará todas as noites. Além de transformar o obstáculo construído para conter cheias em um atrativo, o projeto evitará as pichações. No lado interno, o muro terá uma parede verde, coberta de vegetação.
Fonte: Zero Hora
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