21/05/2010

Novo cenário favorece empreendedorismo da classe média

Por Renato Bernhoeft
Valor Econômico/BR

Estudos e pesquisas já demonstram que a classe C emergente no Brasil possui características, perfil, condutas e expectativas muito diferentes da classe média que existiu no país até o final das décadas 1980 e 1990.

Proveniente de um cenário, experiência e condições de maior estabilidade econômica, que lhe permitiu maior acesso aos bens de consumo, esta nova classe, porém, teve menor acesso à educação acadêmica, ou superior – boa parte dela se formou em escolas profissionalizantes de nível médio ou técnico.

O crescimento urbano também ampliou a necessidades e oportunidades para novos serviços e produtos, com um atendimento mais personalizado e de menor escala. Isto significou que, muito cedo, este agrupamento social adquiriu habilidades passíveis de serem transformadas em produtos ou serviços. Além, é claro, de ter sido muito estimulado a gerar renda pessoal ou familiar pela necessidade.

Paralelamente, houve um crescimento da informalidade, e do uso de sua capacidade intuitiva. Características estas que nunca foram muito estimuladas e desenvolvidas pelo mundo acadêmico, ou até pelo modelo de status da classe média anterior.

Basta examinar quais eram as típicas ambições da classe média do período entre os anos 1960 e 1990 no Brasil. O grande sonho das pessoas que ingressavam no mercado de trabalho era conseguir um bom emprego que lhe assegurasse estabilidade, preferencialmente em órgãos públicos e multinacionais. Valorizavam um sobrenome, ou identidade corporativa que lhes agregasse status e uma aparente tranquilidade acompanhada de uma sensação de segurança.

Baseados nesta experiência, educou seus filhos ao longo dos anos 1980. Desta forma, criou mais uma geração que abominava o risco e sonhava com um preparo acadêmico para ser aprovado em concursos públicos ou fazer carreira duradoura em uma grande corporação. Ou seja, ficar na empresa até sua aposentadoria.

Mas este sonho, que já vinha sendo abalado pelo aumento da longevidade da população, ficou também comprometido pelo encurtamento das carreiras, além de uma menor valorização da permanência prolongada na mesma empresa.

A própria crise financeira de 2008, além dos planos de redução de custos das empresas, deu sua contribuição para a mudança de todo este cenário. Entre os efeitos mais visíveis, se destaca o aumento no índice de desemprego, sentido especialmente pela população da meia-idade nos níveis de média e alta gerência. Outra razão do impacto foi o despreparo, de muitos profissionais, para a antecipação da aposentadoria.

Esta última chegou a provocar um efeito devastador, principalmente pelo descuido em criar, de maneira preventiva, alternativas de vida futura que não estivessem apoiadas apenas em ter uma boa reserva financeira ou os cuidados com a manutenção da sua saúde física.

Para uma boa análise de todo este processo de decadência da antiga classe média e surgimento da emergente classe C, recomendo a leitura do livro A Classe Média Brasileira – Ambições, Valores e Projetos de Sociedade, dos sociólogos Bolivar Lamounier e Amaury de Souza. Em recente entrevista, Bolivar Lamounier declarou que a nova classe C apresenta uma marcante aspiração pelo empreendedorismo. As pessoas sonham em ser patrões, e isso só não ocorre em escala maior porque muitas delas encontram um obstáculo insuperável na própria deficiência educacional. Em segundo lugar, o ambiente que o governo oferece ao pequeno empreendedor é inóspito, a começar pela carga tributária.

Prossegue afirmando que essas famílias precisarão investir mais em si mesmas. Mais tempo e maior parcela do orçamento ao estudo. Antigamente, priorizava-se a obtenção do diploma, nem sempre com muita motivação. Era uma visão formalista e bacharelesca. O objetivo final era concluir o curso e ostentar o canudo. Estamos em um mundo diferente. O diploma já não assegura nada.

Aqui estão algumas questões para que tanto a população da meia-idade, melhor idade e a jovem classe emergente reflitam sobre o tema a possam agir preventivamente. Ninguém fará isto em seu lugar.

Renato Bernhoeft é presidente da höft consultoria

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