“Não use velhos mapas, para descobrir novas terras”, destacou o especialista em inovação, cultura e transformação Gil Giardelli durante a 22ª edição dos Painéis da Engenharia, apresentando as perspectivas e dilemas trazidos pela Inteligência Artifical para diversas áreas da sociedade, inclusive para o futuro do mercado de trabalho.

O evento realizado pelo SENGE nesta segunda-feira (11), com patrocínio do CREA-RS, abordou o tema “Quando a inteligência artificial encontra a inteligência humana”, em celebração ao Dia do Engenheiro e reunindo associados do Sindicato, profissionais de diversas categorias e interessados em conhecer as mais diversas utilidades e desdobramentos que são potencializados com o poder da IA, seja nos negócios ou nas interações humanas.

Na abertura do evento, o coordenador da Comissão Permanente de Ética Profissional do CREA-RS, Nelson Burille, ministrou palestra sobre a Ética, Legislação e Valorização Profissional.

O presidente do SENGE, Cezar Henrique Ferreira, destacou a relevância do debate sobre a Inteligência Artificial para a Engenharia e os profissionais engenheiros, cuja atuação passa necessariamente pela inovação tecnológica e pelos movimentos da sociedade por ela impactados.

Participou também da abertura o 1º diretor financeiro do CREA-RS, José Luiz Garcias

Dando sequência ao evento, o especialista Gil Giardelli destacou em sua palestra uma extensa lista de inovações que estão ocorrendo em diversos países e áreas econômicas, que mudarão a forma como vamos nos relacionar. “A computação quântica vai nos trazer grandes transformações. Vamos entender o que são ciência, sociedade e espiritualidade juntas. Viveremos o fim da era digital e o início da sociedade global do conhecimento”, explicou.

Frente ao universo de possibilidades ofertados pela IA, o professor e membro da Federação Mundial de Estudos do Futuro (WFSF), em Paris, garantiu que não é necessário o pânico tecnológico diante desta mudança de era. “A IA está substituindo empregos que são repetitivos, e ao mesmo tempo apresentando novas oportunidades. Haverá várias formas de trabalhar nessa era, com ganho de eficiência e tempo. A inteligência artificial nos deixará mais inteligentes”, afirmou Giardelli, que tem ampla participação em estudos a respeito dos temas da sociedade em rede, inovação radical, colaboração humana, economia criativa e estudos do futuro.

Giardelli também trouxe ao centro do debate os dilemas morais enfrentados pelo avanço da IA. “Os carros autônomos vão bater. Eles não são infalíveis e pessoas vão morrer. Mas será em um número menor do que acontece hoje. A questão é: como escolher quem vai morrer? Estamos dispostos a isso? ” indagou. Também destacou os impactos que o excesso de tecnologia vem trazendo para as gerações atuais, como o declínio das habilidades cognitivas e sociais, excesso de estímulos que favorecem vícios como a pornografia, e as iniciativas que vêm sendo tomadas por instituições como Harvard e Stanford, no sentido de auxiliar seus alunos a resgatarem a saúde mental diante de tantas transformações.

Segundo ele, o ChatGPT é um apenas um degrau de uma escalada rumo a Sociedade Global do Conhecimento, que deverá necessariamente passar pela alfabetização científica. “O problema não é aprender: é desaprender modelos mentais desatualizados ou obsoletos”, afirmou Giardelli, destacando a necessidade de um novo olhar para uma nova sociedade que irá trazer centralidade ao homem e terá como eixos centrais de formação do ser humano a ciência, sociedade e espiritualidade.

Destaque do evento, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer o NAO, robô humanóide considerado como um dos mais avançados da atualidade. Com visual futurista, o pequeno robô é capaz de responder perguntas, dançar, jogar futebol, entrevistar e gravar vídeos.

Durante o evento também foram recolhidos cerca de 60kg de alimentos não perecíveis, que foram doados à Casa do Excepcional Santa Rita de Cássia.