25/10/2012

O risco americano

Benjamin Steinbruch
Jornal do Comércio – Publicado em 23/10/12

Lá se vão quatro anos desde a hecatombe econômica cujo epicentro foi a quebra do Lehman Brothers, em setembro de 2008. Lentamente, a economia dos EUA se recupera.

Boas notícias pipocam na maior economia do mundo. As vendas de moradias usadas cresceram 7,8% em agosto, o que indica um número anual de 4,8 milhões de unidades. É o ritmo mais acelerado desde 2010.

Os pedidos de seguro-desemprego na primeira semana de outubro caíram para o nível mais baixo desde junho de 2009. A taxa de desemprego no país diminuiu de 8,1% em agosto para 7,8% em setembro.

A produção industrial avançou 0,4% em setembro, maior crescimento mensal desde março de 2009. A taxa anualizada do PIB cresceu 2% no primeiro trimestre e 1,3% no segundo. O índice foi menor do que se esperava, com a ressalva de que o país enfrentou a pior seca em meio século, com prejuízos enormes para a produção agrícola.

Não são números brilhantes. Mostram uma recuperação ainda ligeira, sem garantias de que possa se tornar sustentável. Mas ela é consequência de uma política econômica não ortodoxa, tanto do governo quanto do BC americano.

Os efeitos dessa política são em parte prejudiciais aos países emergentes, como o Brasil. As emissões de dólares do Fed, por exemplo, desvalorizam a moeda americana, valorizam as dos emergentes e reduzem seu poder de competição. Apesar disso, é evidente que a recuperação americana acabará por puxar a economia global.

É nesse contexto que se dará a eleição presidencial, no dia 6. Felizmente, tanto o democrata Barack Obama quanto o republicano Mitt Romney, cada um a seu modo, prometem buscar o crescimento.

Seja quem for o eleito, o presidente do BC, Ben Bernanke, continuará no cargo ao menos até janeiro de 2014. Nada mal. A atuação de Bernanke, estudioso da crise de 1929, evitou que os EUA entrassem em depressão econômica após a crise de 2007-2009. Ele reduziu a taxa básica de juros quase a zero e comprou mais de US$ 2,3 trilhões em ativos hipotecários. E já anunciou que comprará mais US$ 40 bilhões por mês desses ativos, até que a perspectiva de emprego melhore.

Na verdade, Bernanke põe em prática suas crenças teóricas sobre a economia. Em 2002, em discurso após a crise da bolha da informática, defendeu a adoção de uma política monetária relaxada e o uso de instrumentos monetários não convencionais. Ficou conhecido como “Helicopter Ben”, por ter mencionado a imagem hipotética criada por Milton Friedman de um helicóptero jogando dinheiro sobre uma comunidade para ativar a economia. Friedman, monetarista histórico da Escola de Chicago, criou a imagem para mostrar que isso provocaria inflação imediata na comunidade.

Segundo os críticos, Bernanke parece testar a teoria radical do helicóptero com suas emissões de moeda. Mas há quem o considere um economista moderado, que pensa no controle da inflação, mas se preocupa também com o desemprego.

Os dois candidatos são pessoas responsáveis. O que preocupa, porém, é a possibilidade de retorno a políticas fiscais conservadoras, que não deem prioridade ao crescimento e ao emprego.

Na área monetária, Bernanke seria uma garantia contra a ortodoxia. A rigorosa austeridade fiscal prometida na campanha eleitoral pelos dois candidatos, porém, poderá abrir espaço para o que o economista britânico Charles Goodhart chamou de “abismo fiscal”. Ele se referia à possível combinação do fim das isenções de impostos com o corte de gastos públicos em 2013, para equilibrar o Orçamento, que é assustadoramente deficitário, com um buraco de US$ 1 trilhão no ano fiscal encerrado em 30 de setembro.

Com o desaquecimento da China, a expansão dos EUA, com seu PIB de US$ 15 trilhões, passa a ser ainda mais determinante para a recuperação global. Nada mais petulante do que dar palpites em eleições ou economias alheias. Mas seria lamentável se houvesse uma recaída para políticas econômicas radicais conservadoras, como as campanhas dos dois candidatos parecem indicar. Isso interromperia o tênue ritmo de crescimento da produção e do emprego, conseguido a duras penas nos últimos trimestres.

Benjamin Steinbruch é diretor-presidente da CSN, presidente do conselho de administração da empresa e primeiro-vice-presidente da Fiesp.

Leia sobre a recuperação da economia britânica clicando aqui.

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