O mercado reagiu aos resultados financeiros da Petrobrás, relativos ao quarto trimestre de 2011, derrubando, na sexta-feira, em 8,28% suas ações nominativas e em 7,84% as preferenciais.
O balanço foi muito aquém das expectativas mais pessimistas. A queda do lucro decorreu da defasagem entre os preços dos derivados de petróleo praticados nos mercados externo e interno, afirmou, em entrevista ao Estado (12/2), José Sérgio Gabrielli, que presidiu a empresa até segunda-feira, quando transferiu o posto para Maria das Graças Foster, ex-diretora de Gás e Energia da estatal.
A política de preços da Petrobrás é determinada pelo acionista controlador – o governo federal -, já havia afirmado Gabrielli, em outra entrevista. E a preocupação do governo federal é segurar a inflação, ainda que à custa da Petrobrás e de seus acionistas minoritários.
O lucro da Petrobrás no último trimestre foi de R$ 5,049 bilhões, menos de metade dos R$ 10,602 bilhões do mesmo período de 2010. A maior parte da queda se deveu ao prejuízo de R$ 4,4 bilhões na área de abastecimento.
Em 2011, a defasagem de preços internos e externos foi estimada pelo Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie) em 16%, no diesel, e em 15%, na gasolina. O prejuízo da empresa com derivados alcançou R$ 7,9 bilhões, calcula Adriano Pires, do Cbie.
Um conjunto de problemas afetou a Petrobrás, entre os quais a desvalorização do real, que aumentou as dívidas em dólar da empresa. E cresceu a demanda de combustíveis, sem que houvesse oferta satisfatória de álcool, devido às quebras de safra da cana-de-açúcar, com as refinarias de petróleo produzindo no limite de sua capacidade.
Assim, as importações de gasolina, que foram de 9 mil barris/dia, em média, em 2010, passaram para 45 mil barris/dia, em 2011, e atingiram 80 mil barris/dia, neste início de ano. Só em 2013 entrará em operação a Refinaria Abreu Lima. "Sem nova refinaria, nós sairíamos de uma situação em que importamos mais ou menos 10% a 15% das necessidades do mercado brasileiro, para importar 45%, daqui a dez anos", disse Gabrielli.
Segundo relatório do banco Credit Suisse, os prejuízos da Petrobrás crescem com o aumento das vendas da gasolina e do diesel. O aumento desses preços em 10% e 2%, respectivamente, em novembro de 2011, não foi suficiente para cobrir custos.
Para Gabrielli, "se a Petrobrás continuar com essa política de preços, e o preço internacional continuar nesse patamar atual, vai haver um processo completamente irracional e ilógico de alguns distribuidores comprarem derivados na Petrobrás para exportar".
Essa política de preços produz uma distorção mais grave ainda. Ela impede que a Petrobrás, que está comprometida com enormes investimentos para explorar, pesquisar e produzir petróleo nas áreas do pós-sal e do pré-sal, acumule capitais próprios. E, sem eles, será difícil cumprir as metas fixadas por seu acionista majoritário – o governo central.
Antes de a defasagem de preços de derivados tornar-se aguda, a Petrobrás já mostrava dificuldades para cumprir suas metas – entre 2003 e 2011, os investimentos aumentaram 280% e a produção de óleo e gás natural no Brasil cresceu pouco mais de 30%, de 1,5 milhão de barris/dia para 2 milhões de barris/dia. Só em 2011, os custos e despesas operacionais avançaram 27,1%.
Tudo isso leva a dúvidas sobre a capacidade da empresa de investir o necessário no pré-sal, participando de todos os consórcios de exploração. Tampouco a entrega das sondas necessárias para perfurar a profundidades superiores a 2,5 mil metros está assegurada.
A Petrobrás teve até de fazer, explicou Gabrielli, um programa de longo prazo para viabilizar a instalação de estaleiros no País, encomendando a eles 26 sondas para o pré-sal. Em resumo, os prazos para extrair o óleo do pré-sal poderão ser bem maiores do que os imaginados.
Nos seis anos em que presidiu a Petrobrás, Gabrielli defendeu publicamente a política do governo para os derivados. Ao passar o cargo, mudou o tom. "Vai ter que haver um reajuste, em algum momento", disse ele.
Aliás, na entrevista ao Estado fez críticas mais duras que essa à interferência do governo na programação da empresa.
Fonte: O Estado de São Paulo
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