A Eletrosul, subsidiária da Eletrobrás, está investindo R$ 3,5 bilhões em dois complexos eólicos que vão entrar em plena operação até 2016 na região próxima à fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai. O dos Campos Neutrais, entre Santa Vitória do Palmar e Chuí, será o maior parque eólico da América Latina, com 583 MW de capacidade instalada. Uma linha de transmissão está sendo construída simultaneamente e deve ficar pronta junto com o parque. Em Santana do Livramento, o Complexo Cerro Chato opera desde 2011 e está sendo ampliado com a construção de mais cinco usinas, que vão acrescentar 78 MW à sua capacidade instalada atual, de 90 MW.

"A tarifa da energia eólica se tornou competitiva em comparação com a hidrelétrica, o que era impensável há uma década", diz o diretor de engenharia e operação da empresa, Ronaldo Custódio. Em 2002, o engenheiro coordenou a elaboração do Atlas Eólico do Rio Grande do Sul, que vai ganhar uma versão atualizada este ano. "Vamos trazer como novidade o potencial offshore", antecipa.

A plataforma marítima gaúcha é mais rasa que a nordestina e, por isso, mais adequada à atividade, mas essa exploração não deve ocorrer em curto prazo, pois ainda há muita terra disponível no estado para aproveitar os ventos.

Muitas oportunidades estão se abrindo na cadeia de valor, que inclui fornecimento de peças, obras de construção e serviços de licenciamento. "A energia eólica já representa o segundo maior volume de investimentos no Rio Grande do Sul, só perdendo para o polo naval", diz Ricardo Rosito, presidente do Sindieólica, sindicato que representa 14 empresas do setor. Atualmente o Estado importa 60% da energia que consome.

O governo gaúcho vem desenvolvendo desde 2011 uma política industrial que visa transformar o RS em exportador de energia. "Em 30 anos queremos gerar 40 GW e vender no mínimo 15 GW", diz o diretor de infraestrutura e energias da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), Marco Franceschi.

Um dos investidores na fronteira sul é o grupo argentino Impsa, que está terminando a terraplenagem de uma nova fábrica de aerogeradores em Guaíba. Orçado em R$ 100 milhões, o empreendimento terá capacidade para produzir 220 equipamentos por ano e visa o mercado sul-americano. A empresa já conta com uma fábrica de aerogeradores no complexo de Suape, em Pernambuco, e tem mais de 800 fornecedores brasileiros.

"O mercado abençoou definitivamente esta fonte", diz o vice-presidente José Luis Menghini. Ele aponta como tendências a rápida incorporação de avanços tecnológicos e a aquisição de empresas geradoras por grandes investidores.

Um contrato de fornecimento de aerogeradores para a Alupar faz parte da estratégia da Weg de consolidar sua atuação no segmento. Até o final do próximo ano, a multinacional com sede em Jaraguá do Sul (SC) vai entregar 46 unidades de 2,1 MW de potência cada para o Complexo Energia dos Ventos, formado por 10 parques eólicos em Aracati (CE).
O grupo tem uma carteira de negócios de R$ 530 milhões em energia eólica para 2015.

"Hoje as energias renováveis representam entre 7% e 8% do faturamento e nossa meta é dobrar isso até 2020", diz o diretor da Weg Energia, Sinesio Tenfen. A empresa vai lançar este ano um aerogerador de 100 KW, voltado para empreendimentos de médio porte.
No dia 22 de abril, o Ministério das Minas e Energia publicou portarias que concedem benefícios fiscais para a construção de cinco novas usinas eólicas no Rio Grande do Norte. Quatro empreendimentos do grupo Gestamp e um do Rialma serão enquadrados no Reidi – Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura.

Fonte: Valor Econômico