Autor: Eduardo Starosta, economista.
Revista Digital – 20/12/2012
Uma dica para quem tem a intenção de antecipar o que vai acontecer com a economia gaúcha em 2013: não dê muito crédito a sua própria previsão, pois caso você estiver convicto de alguma coisa, provavelmente irá errar!
Veja só, o Banco Central semanalmente faz sondagem com economistas a respeito das perspectivas do futuro pelo Boletim Focus. Na última semana de janeiro, a previsão dos babalorixás do PIB era de crescimento de 3,27%; já na pesquisa de 14 de dezembro, o palpite ficou em decepcionante 1%. É lógico que essa última previsão está mais próxima do correto, na medida em que 95% do ano já pode ser visto no espelho retrovisor. Mas isso é quase o mesmo do que prever a vitória da seleção brasileira contra algum time do Butão (fica na Ásia) aos 40 minutos do segundo tempo, quando o selecionado brazuca já está vencendo por 15 x 0.
De forma alguma estou chamando os “previsores” de charlatões. Nada disso: eles têm elementos objetivos e experiências passadas que os habilitam a desenhar tendências, mas de acordo com as condições do momento. Minha crítica é direcionada a aqueles que simplesmente acreditam em tais previsões, como algo determinante de suas vidas e de suas empresas. Esses, provavelmente, nunca vão dar muito certo na vida, uma vez que um dos principais predicados do sucesso está na própria capacidade de diferenciação.
Dito isto, falar sobre as perspectivas do Rio Grande do Sul para 2013 não é algo muito difícil. Já que em 2012 a produção agrícola e a indústria tomaram bomba, é óbvio que no ano que vem a tendência é de recuperação, ainda mais com o aumento das chuvas (fenômeno climático La Niña) e melhoria moderada da situação cambial (aumentando possibilidade de exportação e freando um pouco as importações).
Mas até esse ponto, não saímos do óbvio. Poderíamos sofisticar um pouco a análise falando do cenário global (crise na Europa, economia dos EUA, China, Índia, etc); perspectivas da inadimplência das pessoas físicas no Brasil; e trabalhar em algum horizonte das politicas governamentais do Estado e da União, sob o ponto de vista da capacidade de investimento, politica tributária, juros e outras milongas mais.
É inegável que tais variáveis são importantes, mas francamente estão além das possibilidades de influência relevante dos cidadãos comuns, dados os atuais sistemas de governo e de representatividade parlamentar. Esse tipo de politica de verdade ainda está acima do debate gaúcho e brasileiro. A preferência por essa ou aquela agremiação partidária é muito mais uma questão de “grenalização” apaixonada dos arquétipos e chavões da política do que um legítimo enfileiramento de interesses ou ideias pensadas sobre como deve funcionar um Estado… o que é uma pena!
A provocação aqui fica por conta da concepção de que um cenário só tem utilidade na medida em que ele indica possibilidade de intervenção na realidade. Por exemplo, as recorrentes secas no RS estão sendo fortes o suficiente para alavancar um plano de irrigação e uso múltiplo da água (o PIUMA). Mas para se chegar até esse ponto, foi necessário contabilizar prejuízos bilionários ao longo de anos, tanto para as lavouras empresariais, como em relação as mais familiares. Em outras palavras, a sociedade do Rio Grande do Sul se acostumou a responder aos seus problemas de forma demasiadamente reativa; muitas vezes quando já é tarde demais para evitar o pior. Sendo assim, o cenário correto – quando negativo – serve apenas para antecipar o sofrimento?
Se a coisa funciona assim, é melhor que mude o quanto antes!
As consequências são claras e muito bem expressas por recente trabalho promovido pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, na versão 2010 do Índice FIRJAN de Desenvolvimento. De acordo com o indicador, os últimos 10 anos, o RS caiu da 5ª para a 6ª posição dentre os estados mais desenvolvidos do país. A posição é até razoável se pensarmos que estamos falando de 27 unidades federadas. Mas a coisa começa a ficar humilhante quando se averigua que esse “honroso” sexto lugar significa que somos os penúltimos das regiões sul e sudeste, superando apenas o Espírito Santo.
O que nos salva um pouco de posição ainda inferior é a tradição de melhores serviços de saúde em relação ao resto do Brasil. O RS é terceiro, apenas superado por São Paulo e Paraná. Já em termos de emprego e renda, o estado ocupa a quarta posição, o que também pode ser considerado motivo de orgulho. Entretanto, quando o assunto é educação, pasme: o glorioso e letrado Rio Grande do Sul amarga a 11ª posição do ranking nacional, lembrando que na virada do milênio, estávamos no 5º lugar.
Não é grande ousadia pensar que no momento em que nossa educação evidencia decadência relativa, seja natural que os demais indicadores tendam a degringolar.
Será que devemos nos render ao determinismo das tendências e aceitar o emburrecimento relativo dos gaúchos?
Pessoalmente prefiro pensar que existem soluções palatáveis para reverter este e outros cenários negativos.
Dentro do próprio RS temos, por exemplo, o Município de Harmonia, cujo padrão educacional é 25% superior à média gaúcha. Talvez seja melhor, nesse caso, ao invés de nos perguntarmos o que há de errado com a educação do Estado, questionar o que há de certo em Harmonia.
Analogamente, seria interessante estudar a comunidade de Bento Gonçalves para pegar os bons exemplos que levaram o município a se posicionar na 5ª colocação nacional em termos de geração de emprego e renda. No campo da saúde, o destaque gaúcho fica para Dom Pedro de Alcântara e Santo Antônio da Palma que dividem o primeiro lugar nacional nesse quesito.
Não tenhamos ilusões: a megaestrutura construída dentro das administrações públicas da União e do Rio Grande do Sul ao longo das últimas décadas não permitem ações desenvolvimentistas mais ousadas de curto prazo. Para isso seria necessária a reformulação da “Constituição Cidadã” de 1988 que criou excessivos vínculos orçamentários a partir da receita fiscal. E abrir mão significativamente de arrecadação não faz parte dos planos de ninguém que exerce o poder em nosso país. Isso seria – na mentalidade atual – aceitar redução de poder politico…
Então, até que surja alguma eventual iniciativa heroica de mudança – ou que o sistema atual imploda – os cenários mais palatáveis de uma intervenção realmente proativa por parte da sociedade estão em aspectos pontuais, onde os bons exemplos são fundamentais para inspirar replicações em larga escala.
Nesse sentido, a melhor sistematização até hoje construída nas terras gaúchas está contida na agenda 2020 construída e coordenada a partir da PÓLO-RS.
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