28/06/2016

SEMINÁRIO AGRICULTURA: CONTEÚDOS DAS PALESTRAS E DOWNLOAD DO CERTIFICADO

Mais uma vez o Teatro do Prédio 40 da PUCRS esgotou sua capacidade ao sediar o Seminário Agricultura, Desenvolvimento e Combate à Crise realizado pelo Sindicato dos Engenheiros na quinta-feira (16) em celebração aos seus 74 anos de fundação.
O sucesso da iniciativa ficou evidente desde os primeiros minutos da abertura do credenciamento com a chegada de diversas delegações do interior do Estado que acolheram o convite feito pelo SENGE para participar deste que é considerado o principal evento do setor em 2016. Motivos não faltam para esta constatação.

Desde a definição do foco do evento, a escolha da programação e do quilate dos painelistas, tudo indicava que teríamos um seminário consistente e atualizado, e que por isso, atrairia grande interesse dos diversos públicos envolvidos, entre os quais agrônomos e engenheiros das demais áreas da engenharia, economistas, administradores, produtores rurais, técnicos agrícolas e estudantes de todas as universidades e regiões do Estado.

Ao todo, mais de 650 pessoas marcaram presença nos dois painéis (manhã e tarde) e nos estandes do SENGE, CREA-RS, Uniodonto, SENGE Previdência e Unimed. O evento, patrocinado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia e pelo Badesul, com apoio da Emater, Sistema Ocergs Sescoop/RS, consolida ainda mais a postura de protagonista assumida pelo Sindicato dos Engenheiros de propor o debate técnico e político que favoreça a análise de cenários e a formulação de soluções em temas de interesse econômico e social. Foi assim no Seminário Dívida Pública realizado em março passado, no Seminário Desafios do Saneamento (dezembro/2015) e em tantos outros nos quais a entidade reafirma seu compromisso com o interesse público e a valorização dos profissionais em envolvidos em cada segmento. Esta mesma determinação leva o SENGE a desde já convidar a todos para o próximo evento deste porte, que em dezembro de 2016, em celebração ao Dia do Engenheiro, irá tratar da temática da Sustentabilidade.

Presença de profissionais de diversos municípios do interior do Estado.

  Foram arrecadados cerca de 500kg de alimentos.

Presença marcante de estudantes.

Auditório lotado.

Gravação do Programa Pampa Debates, da TV Record, no intervalo do Seminário.
 
   

CRÍTICAS AOS CORTES DE ORÇAMENTO MARCAM A ABERTURA DO SEMINÁRIO

Assista o vídeo da abertura do Seminário

O presidente do SENGE, Alexandre Wollmann, abriu o Seminário exaltando o objetivo do evento de promover o debate e a reflexão sobre as potencialidades e gargalos da Agricultura, nas quais todas as áreas da Engenharia têm muito a contribuir. Neste âmbito, o dirigente fez críticas contundentes ao cenário de penúria do setor, que vem se agravando nas últimas décadas no Rio Grande do Sul. “Há 10 anos, o orçamento do Estado para o setor representava 2% das verbas públicas, o que já considerávamos baixo, levando em conta a sua relevância  para o desenvolvimento. Mas em 2016 este percentual não chega a mísero 1%, redução muito acentuada ainda mais considerando que, atualmente são duas secretarias para cuidar do setor primário gaúcho”, apontou Wollmann.

O presidente do Sindicato ainda manifestou a preocupação da entidade com a redução em 30% do orçamento da EMATER, principal braço executor da política de assistência técnica do Governo do Estado ao produtor rural, pondo em risco a abrangência de um trabalho que contribui para geração de renda e ampliando de maneira ainda mais dramática o abismo existente entre a realidade rural e a urbana.

Wollmann também manifestou a preocupação do SENGE com as enormes carências de infraestrutura e logística, fatores fundamentais para melhorar a competitividade da produção agropecuária. “Recuperar o orçamento para o setor como um todo significa estimular aumentos de renda que se refletirão nas cadeias produtivas e na economia do Estado, permitindo melhorar a sua arrecadação. Estes gastos maiores e necessários, na verdade, são investimentos cujos retornos serão imediatos. É justamente este embate entre crise e desenvolvimento, ameaças e oportunidades, dificuldades e soluções, que queremos protagonizar a partir deste momento”, justificou o presidente.

Na sequência, o secretário adjunto de Desenvolvimento Rural, Iberê de Mesquita Orse, exaltou a iniciativa do Sindicato de reunir profissionais e pesquisadores para discutir o desenvolvimento e as contribuições do setor para a economia. “É dessa forma que se contribui. Colocando profissionais da área para discutir o setor. Colocando os engenheiros para discutir o desenvolvimento vamos atingir objetivos melhores e que tem na comunidade o seu ativo principal”, manifestou o secretário. Respondendo às críticas do presidente do SENGE, o secretário Orse reiterou a preocupação com a retomada dos investimentos no setor agropecuário como forma de combater a crise. “O senhor falou no calcanhar de Aquiles do Brasil: a extensão rural, que foi sendo deixada de lado. O RS gasta cerca de 1% na agricultura e na gestão do setor. Nós já gastamos mais de 7% durante a década de 90. Se quisermos erguer o país precisamos olhar para a extensão rural e a assistência técnica. Fazem 42 anos que atuo nessa área, eram outros tempos e nós fomos nos desvirtuando desse caminho”, disse Orse.

Sobre a redução dos investimentos, o secretário da Agricultura, Ernani Polo, alegou que “governar é a arte de eleger prioridades e o nosso Estado está em extrema dificuldade”. Representando o governador Sartori, Polo justificou as dificuldades orçamentárias para atender as demandas da população, destacando especialmente a crise nas áreas de educação e segurança, e ressaltou a relevância da agropecuária para a sustentação da economia, apesar das perdas decorrentes de fatores climáticos e do aumento do custo dos insumos. Exaltou ainda a contribuição do SENGE na discussão de políticas para o setor, em especial a parceria durante a elaboração do Programa Estadual de Conservação do Solo e da Água “Conservar para Produzir Melhor”.

AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO

Os cenários, desafios e o papel do Estado no fomento à agricultura foram o tema do primeiro painel do Seminário, que contou com a participação dos pesquisadores Zander Navarro (EMBRAPA), Antônio Buainain (UNICAMP) e Rodrigo Feix (FEE).

Zander iniciou o painel resgatando o passado recente e traçando um panorama sobre as características atuais do desenvolvimento agropecuário no Brasil. O pesquisador apresentou números que demonstram o salto na produtividade nacional nos últimos 50 anos, considerando que a produção de grãos se multiplicou em 12 vezes, enquanto a área cultivada aumentou em apenas duas vezes e meia. “No final da década de 90 alcançamos um novo padrão agrário e agrícola. O grande salto se deu graças ao emprego de tecnologia e conhecimento no setor, transformando em uma máquina de riqueza, e desde então vem salvando a economia”, destacou.

Ainda segundo o pesquisador, este novo padrão introduziu o capital no centro do desenvolvimento agrícola e agropecuário, rebaixando de certa forma a importância da terra na medida que a produção e renda passaram a depender de investimentos, requerendo volumes crescentes de capital de giro para operar. “O capital financeiro se tornou o coração da atividade, e não mais a terra. O crescimento da produção se explica cada vez mais pela tecnologia e conhecimento, e cada vez menos pelo trabalho e pela terra, conforme dados do censo de 2006”, explicou Zander. Somado a isso, o gasto total da União com o setor tem sido gradativamente reduzido, incluindo o crédito rural, o que ameaça diretamente os pequenos produtores. “A renda é extremamente concentrada no setor, onde pouco mais de 27 mil estabelecimentos concentram 51% da renda bruta, e o campo ainda passa por um rápido processo de esvaziamento demográfico. Essa é uma questão a ser pensada”. (Acesse o arquivo da palestra)  (Assista o vídeo da palestra)

Antônio Buainain deu sequência ao painel apresentando uma análise do estado atual da economia. “O Brasil tem muito potencial, mas precisa estar preparado para responder às mudanças mundiais, cujo movimento é determinado por grande complexidade. As políticas públicas precisam estar conectadas à realidade”, disse o pesquisador. Segundo ele, um dos grandes desafios do setor é antecipar e se adequar às tendências. “Raramente nos preparamos para antecipar o futuro. Nós reagimos aos problemas, essa é a nossa cultura.”

Nesse sentido, Buainain teceu críticas às entidades públicas que não definem um plano de ações para o setor e acabam concentrando seus esforços no imediatismo, ao invés de direcionar seus recursos para pesquisas e antecipação de problemas. Também alertou para a necessidade de medidas de incentivo que poderiam impactar positivamente o setor, citando como exemplo a carga tributária. (Assista o vídeo da palestra)

Encerrando as palestras do primeiro painel, Rodrigo Feix apresentou dados sobre o agronegócio no RS, conforme levantamento da FEE, e lançou um questionamento importante: “Por que se atribui tanto valor a um setor que contribui diretamente com apenas 10% do valor adicionado do Estado?”

Feix então apresentou uma série de subsídios que fortalecem a importância da agricultura para a economia do Estado, especialmente no seu atual quadro recessivo, porém ressaltou que no levantamento do PIB do primeiro trimestre deste ano, a agropecuária gaúcha apresentou queda superior ao observado no setor em nível nacional. “Quando a produtividade agrícola sofre, a economia também sofre”. Se é inegável que a economia depende da agropecuária local, o avanço da indústria também está em parte atrelado a este setor que é fonte de matéria prima para uma série de atividades industriais no Estado. Além disso, demanda máquinas e equipamentos específicos, insumos de elevada complexidade tecnológica, que representam 50% da demanda de maquinário total no País, e onde o RS é um dos atores mais fortes. (Acesse o arquivo da palestra)  (Assista o vídeo da palestra)

O painel seguiu com o debate dos participantes, que responderam perguntas do público presente, com a mediação da jornalista Lizemara Prates. Participou ainda o diretor técnico da EMATER, Lino Moura. (Assista o debate)

DOWNLOAD DO CERTIFICADO

INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE

“Se a pesquisa em nível nacional fosse como no Rio Grande do Sul, a EMBRAPA não precisaria ter sido criada. Nós tentamos levar o nível da pesquisa realizada neste Estado para o resto do Brasil”, afirmou o pesquisador Eliseu Alves, um dos pioneiros da EMBRAPA, que falou sobre a pobreza rural e a tecnologia no campo durante o segundo painel do Seminário que tratou de inovação e sustentabilidade.

Eliseu exaltou os avanços tecnológicos e a posição importante do País como um dos maiores exportadores agrícolas do mundo, mas lançou uma preocupação: “se continuarmos assim, teremos uma agricultura poderosa, mas curiosamente será uma agricultura sem agricultor”, disse o pesquisador que reafirmou os dados apresentados no painel anterior sobre a redução da importância da terra e do trabalho, em detrimento da tecnologia e do capital para a produção.

Diante deste cenário, onde poucos empreendimentos concentram a produção e as riquezas, e a maioria está à margem da modernização, Eliseu ressaltou a necessidade de fomento à tecnologia no meio rural e de políticas públicas que amparem o setor, com o apoio das associações e cooperativas. (Acesse o arquivo da palestra) (Assista o vídeo da palestra)

Na sequência, o geógrafo e professor do Departamento de Geografia da UFRGS, Francisco Eliseu Aquino, falou sobre os impactos do clima na agricultura e o necessário planejamento do setor para enfrentar os fenômenos extremos, que vêm se tornando cada vez mais frequentes especialmente nas regiões centro-oeste e sul do país. Atualmente, Aquino atua em pesquisas sobre as conexões climáticas entre a região Antártica e o Sudeste da América do Sul, em especial o sul do Brasil, e participa desde o início da década de 90 do Programa Antártico Brasileiro com 15 expedições de campo à Antártica.

O climatologista apresentou dados que caracterizam o clima da Região do Prata, que vem concentrando um terço das tempestades que ocorrem na América do Sul, e que tendem a se tornar ainda mais extremas devido principalmente ao aumento da temperatura média no continente. Esse fenômeno explica inclusive a incidência de tornados como os que ocorreram no último mês de abril na cidade uruguaia de Dolores, 265 km ao oeste de Montevidéu, e na cidade de Santo Ângelo, no noroeste do RS.

Diante desses dados, Aquino alerta para a importância de uma agenda de governo que antecipe medidas de prevenção para estes eventos climáticos e atenda especialmente o pequeno agricultor. (Acesse o arquivo da palestra) (Assista o vídeo da palestra)


(Assista o vídeo do debate)

CONHECIMENTO E INOVAÇÃO: CASES DE SUCESSO

Encerrando o Seminário, foram apresentados três cases que ilustram como a criatividade, aliada ao conhecimento e a tecnologia, podem fortalecer os agentes que produzem alimentos e tiram seu sustento no espaço rural, e contribuir com o desenvolvimento da agricultura e também do Estado.

O primeiro foi o case da ECOCITRUS, a Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí, apresentado pelo seu sócio fundador e vice-presidente, Ernesto Kasper. Criada em 1994, em Montenegro (RS), por um pequeno de grupo de agricultores familiares, a cooperativa conta atualmente com mais de 100 associados e três unidades operacionais: a indústria de sucos e óleos essenciais orgânicos, a usina de compostagem e a planta usina de biogás, que produzem cítricos e derivados totalmente livre de agroquímicos, adubo orgânico, biofertilizante líquido e biogás. Também presta serviços de destinação, tratamento e biodigestão de resíduos agroindustriais para as empresas da região e atua, inclusive, na extração de óleos essenciais orgânicos para outros produtores locais. Considerada referência em agricultura orgânica e familiar, a Ecocitrus exporta seus produtos para diferentes partes do mundo, compartilha sua experiência em diversos eventos no Brasil e no exterior, além de receber cerca de 1.200 visitantes/ano em suas unidades. (Acesse o arquivo de apresentação do case)  (Assista o vídeo)

A Dália Alimentos e o seu modelo associativo de produção leiteira com tecnologia de ordenha automática foi o segundo case, apresentado pelo coordenador do programa de produção, Igor Weingartner. Os associados da cooperativa, em sua maioria, são produtores com escassa mão-de-obra, pequenas propriedades e escala de produção mediana/baixa, que foram reunidos em um empreendimento associativo, permitindo a diluição dos custos de produção para aumento da produtividade e, por extensão, de sua renda. A infraestrutura, a tecnologia e a administração técnica são responsabilidades da Dália Alimentos; os produtores são associados do empreendimento e responsáveis pela alimentação das vacas, formando suas cotas de acordo com o valor dos animais que alojarão no condomínio. (Acesse o arquivo de apresentação do case) (Assista o vídeo)

Por fim, a experiência da Estância Guatambu, reconhecida nacional e internacionalmente como empresa agropecuária modelo, apresentada pelo seu proprietário Valter Pötter. Localizado em Dom Pedrito, o empreendimento atua nos segmentos de agricultura, pecuária e desde 2003, na vitivinicultura, inaugurando a primeira vinícola enoturística na Região da Campanha Gaúcha, que em 2016 se tornou também a primeira vinícola 100% movida a energia solar na América Latina. (Acesse o arquivo de apresentação do case) (Assista o vídeo)

Fotos: João Alves

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