Nos dias 3 e 4 de dezembro, a UFRGS sediou o seminário “A Ciência no Enfrentamento ao Desastre de 2024 no RS – Da Emergência à Reconstrução”, com a participação do engenheiro agrônomo Claudio Cunha, representando o SENGE, a convite do presidente Cezar Henrique Ferreira.

Promovido pelo Governo Federal, por meio da Secretaria para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul (SERS), e em parceria com o Fórum de Universidades Públicas e Institutos Federais do RS (Foripes), o Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o evento reuniu especialistas de várias áreas para debater as múltiplas dimensões do desastre ocorrido no estado.

As discussões foram organizadas em quatro painéis principais:

1. Mudanças climáticas e análise multidimensional do desastre: vulnerabilidades e riscos;
2. Impactos na economia, infraestrutura e ordenamento territorial;
3. Impactos sociais da catástrofe; e
4. Governança e políticas públicas.

Conforme descrito no site oficial do evento, a iniciativa busca compreender as múltiplas dimensões do desastre para além do senso comum, contribuindo para a formulação de estratégias adequadas de prevenção, mitigação e adaptação climática. O objetivo é estabelecer recomendações fundamentadas em evidências científicas sólidas, capazes de reduzir vulnerabilidades por meio de iniciativas de melhoria da resiliência dos territórios e da gestão eficaz de riscos.

Entre as informações de destaque apresentadas durante o seminário, merecem atenção especial:

• Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí – Gravatahy: O presidente Sérgio Cardoso anunciou que o comitê receberá um investimento de 3 bilhões de reais do programa PAC – Drenagem 3.
• Atuação do Ministério Público Estadual: A promotora Sílvia Capelli ressaltou a importância da sinergia entre os entes federativos e a adoção de uma abordagem com visão territorial.
• Perspectiva histórica das soluções: O professor Herwin Broze, da UNISC, destacou a relevância de pesquisar eventos passados, como a grande cheia de 1941. Ele apontou que muitas recomendações daquela época ainda são válidas, como: construção de barragens secas ou açudes nas cabeceiras dos rios, reflorestamento sistemático das bacias hidrográficas, implementação de uma ampla rede de reservatórios compensadores (polders), instalação de diques em áreas urbanas e elevação das rodovias.
• Situação dos povos indígenas e quilombolas: As extensionistas da EMATER, Regina Miranda e Mariana Soares, destacaram a gravidade da situação enfrentada por comunidades indígenas e quilombolas, muitas das quais perderam tudo, encontrando-se em condições extremamente precárias. Essas comunidades necessitam de apoio urgente e contínuo. As ações emergenciais realizadas até agora representam apenas o primeiro passo em um extenso processo de reconstrução.

O seminário reforçou a necessidade de ações integradas e baseadas em ciência para enfrentar os desafios climáticos. Agora, cabe às instituições e ao poder público transformar esses debates em soluções concretas que impactem positivamente as comunidades mais afetadas.