O movimento iniciou com uma troca de informações entre o professor da Escola de Negócios da PUC/RS Luís Humberto Villworck e o empresário gaúcho Marcus Coester, e tornou-se uma das mais potentes redes de solidariedade para enfrentar a pandemia de coronavírus no Brasil. 

Instigados por preocupações pessoais em comum – ambos têm irmãs que atuam como médicas intensivistas em grandes hospitais do Rio Grande do Sul -, eles  tiveram a ideia de reunir profissionais de diversas áreas para produzir equipamentos de proteção para os trabalhadores da área da saúde que atuam na linha de frente do combate ao Covid-19. “Este movimento é para apoiar as pessoas que estão na trincheira onde a vida e a morte é decidida”, resume Villworck.

No início desta semana, integrantes do Brothers in Arms procuraram o presidente da Assembleia Legislativa, Ernani Polo, para pedir apoio à iniciativa.  A intenção é que o Parlamento ajude na divulgação do movimento e na campanha para a compra de insumos para a produção dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Além disso, eles pedem que a iniciativa seja levada ao conhecimento dos 55 deputados estaduais para que colaborem tanto na campanha quanto na apresentação de demandas de suas regiões. 

 

As primeiras ações de apoio foram voltadas ao Hospital de Pronto-socorro de Porto Alegre. Hoje, 94 hospitais gaúchos de várias regiões do Estado já se credenciaram para receber ajuda. Os pedidos mais comuns são de máscaras, luvas, aventais e álcool gel. “Os pedidos de ajuda dobram de um dia para outro. Vêm, inclusive, de outros estados. Nestes casos, sugerimos que se organizem”, revela o professor, que deixa claro que a intenção do movimento não é substituir o Estado, mas apoiar o Poder Público no combate à pandemia, de forma coordenada.

 

Laboratórios de várias universidades, como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), parques tecnológicos e mesmo escritórios particulares, que dispõem de impressoras 3 D, já estão produzindo máscaras protetoras. Além disso, um grupo de engenheiros trabalha no desenvolvimento de projetos de respiradouros e recolhe equipamentos desse tipo para serem consertados.  Outro grupo pesquisa a produção de aventais de TNT. “Estamos entrando numa situação que é quase de guerra. O que não diminuiu nossa preocupação técnica. Trabalhamos para que normas de segurança sejam observadas para que ninguém corra riscos”, ponderou  Villworck.

 

Enfático em relação à necessidade de engajamento social para conter a pandemia, Villworck acredita que a superação da crise provocará mudanças em todos. “Apesar de todo o horror que geram, as guerras também produzem capital humano e solidariedade. Acredito que essa que estamos enfrentando será capaz de reorientar as políticas públicas daqui para frente, pois mostrou que com saúde não se brinca nem se posterga”, ressalta.

 

Prevê também um reposicionamento do cidadão em relação ao Estado e aos seus representantes e um olhar mais atento e comprometido com a realidade. “Tudo nos aponta na direção de repensar nossa capacidade de fiscalização, atuação e engajamento”, finaliza.

 

Fonte: AL/RS