24/04/2012

Trânsito: gargalo crescente

Não precisa ser especialista para concluir que o modelo de transporte urbano que privilegia o uso do automóvel precisa ser repensado. Basta circular pelas cidades e rodovias brasileiras a qualquer hora do dia e da noite para perceber que, se nada for feito, estaremos todos fadados a alcançarmos um futuro e definitivo beco sem saída.

Vejamos nosso exemplo local, a Região Metropolitana de Porto Alegre e os corredores de acesso à Capital. Seja na BR 116, seja na RS 030, ou na BR 290, o drama, ou se preferir, o caos, vem dando mostras de estar em escala crescente. Qualquer motorista que perde horas preciosas nos engarrafamentos sabe que as suas mazelas serão parcialmente minimizadas com a inauguração da BR 448 (Rodovia do Parque) prometida para 2012, mas que ficará pronta só em 2014, e da eternamente morosa duplicação da RS 118.

Ainda viável se comparado à outras capitais, o trânsito de Porto Alegre já dá mostras evidentes de que se encontra na fila para se transformar num dos mais complicados do País. O surgimento a cada dia de novos focos de congestionamentos onde antes a circulação fluía com mais facilidade é uma demonstração de evidente saturação. Até transitar por todas as etapas, do projeto à licitação, da execução à inauguração, obras de grande vulto como a chamada Terceira Perimetral, percorreram um caminho de décadas, até serem entregues à população já flagrantemente desatualizadas ou subdimensionadas.

Não precisa ser engenheiro de trânsito para apontar quais os cruzamentos necessitam de um viaduto, nem tampouco afirmar que o corredor de ônibus é subaproveitado em detrimento dos veículos particulares que se espremem em suas faixas insuficientes.

A questão é mais complexa. Ao mantermos o foco dos investimentos em soluções de trafegabilidade, estaremos apenas empurrando o problema para as futuras gerações. Encontrar uma solução não é tarefa simples. A questão orçamentária pode ser até mais fácil de ser equacionada do que a definição de um modelo eficiente para os próximos 20 ou 30 anos, ou seja, um período muito curto em matéria de planejamento urbano.

Para chegar lá, teremos que resolver problemas gigantescos, porque sabemos, por exemplo, o papel que a Indústria Automobilística desempenha na economia brasileira. Dados recentemente divulgados na imprensa indicam que, só em 2012, nossas fábricas despejarão nas ruas e estradas já absurdamente congestionadas cerca de 3,5 milhões de veículos, quase todos em atenção ao mercado interno, capaz de absorver ainda um significativo volume de importações.

Construir ideias em favor da mobilidade urbana nos grandes núcleos urbanos brasileiros exigirá um posicionamento de toda a sociedade, ao priorizar a questão além dos projetos políticos.

Neste sentido, em paralelo a um planejamento de médio e principalmente de longo prazo, tornam-se inadiáveis investimentos maciços em projetos de infraestrutura que pavimentem o caminho do desenvolvimento. A gigantesca carga tributária imposta à sociedade brasileira deveria retornar à população na forma de serviços públicos de qualidade, mas é sabido que ainda estão aquém de nossas necessidades.

É fácil concluir também que a solução passa pela ampliação de opções de transporte coletivo. Em Porto Alegre, mesmo com algum atraso em comparação a outras capitais, e da morosidade verificada na implantação, o projeto dos BRTs, ônibus de transporte rápido, associado ao sistema de corredores exclusivos e dos chamados Portais da Cidade, pode significar uma saída tanto para o trânsito quanto para os usuários, e se apresentar como solução integrada ao metrô.

O aproveitamento do potencial hidroviário, a reversão do quadro de sucateamento das ferrovias como transporte de massa, ciclovias, alternância de horários de funcionamento das empresas, instituições de ensino e órgãos públicos, são opções sempre validas. Mas também se faz necessária a definição de uma matriz mais ampla e de longo prazo, que mude a configuração de um cenário já caótico, e que tende a piorar.

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