O SENGE esteve presente na cerimônia de entrega que marcou o encerramento da restauração, representado pela diretora de Apoio e Qualificação Profissional Nanci Giugno, formada pela própria Escola de Engenharia.

Recebida pelo diretor da EE, engenheiro Luiz Carlos Pinto da Silva Filho, Nanci destacou o significado que “o resgate histórico e a incorporação qualificada da edificação no dia a dia da UFRGS representa para os milhares de profissionais de engenharia no Rio Grande do Sul e no Brasil, sendo motivo de orgulho para todos os gaúchos, principalmente para aqueles que lá se graduaram e as novas gerações ora em graduação”.

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O Prédio Centenário da Escola de Engenharia, localizado na Praça Argentina – Campus Centro, foi entregue à comunidade acadêmica, após restauro, no final da tarde dessa quarta-feira, dia 2. Primeiro do Rio Grande do Sul edificado especialmente para receber um curso superior, o prédio foi construído entre o período de 1898 a 1900 e passou a abrigar os cursos da então Escola de Engenharia de Porto Alegre, fundada em 1896. O reitor da UFRGS, Carlos Alexandre Netto destacou que a cerimônia foi marcada pela emoção e pela lembrança da contribuição das pessoas que viveram a história da Escola de Engenharia: "Uma instituição se constrói com o trabalho de cada uma das pessoas. Essa reinauguração é significativa por apontar que o futuro se constrói sobre a história". Ele se propôs a dividir a palavra com o ex-reitor da UFRGS, José Carlos Ferraz Hennemann, presente na cerimônia. Hennemann relatou sua experiência vivida no prédio reinaugurado, uma trajetória iniciada em 1965, quando veio conferir sua aprovação no vestibular em mural afixado na porta da construção.

A cerimônia de reinauguração contou, ainda, com a presença do Prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, de secretários do Estado e da Prefeitura, do Deputado Estadual Adão Villaverde, do vice-reitor Rui Oppermann e de membros da Administração Central da UFRGS, além de docentes, ex-docentes, ex-alunos e doadores do projeto Resgate dos Prédios Históricos da UFRGS. As obras de restauro se iniciaram em 2008, ainda quando Hennemann era reitor, tendo sido interrompidas em 2011 e retomadas em 2013. Foram preservadas as características originais do edifício, sendo as mais simbólicas: o busto e o brasão da República, o relógio e a fachada. Também foram feitas adaptações à acessibilidade universal, com a instalação de plataforma elevatória, modernização dos elevadores e implantação de sanitários acessíveis. O prefeito José Fortunati também relembrou suas vivências no Prédio. Ex-aluno da UFRGS em cursos fora da Escola da Engenharia, ele disse ter uma "relação de contato permanente": "É um privilégio voltar a esse prédio e vê-lo em ótimas condições, falo como ex-aluno e como prefeito, pois esse resgate histórico é um presente da Universidade para a cidade", destacou.

Foram descerradas placas comemorativas e entregues, solenemente, as chaves para o Diretor da Escola de Engenharia, Luiz Carlos Pinto da Silva Filho. Com a reinauguração, o prédio abrigará Direção e Conselho de Administração da Escola de Engenharia, salas de pré-incubação e incubadora tecnológica, além de espaços históricos e um memorial em processo de montagem. O acervo disponível nesse memorial apresentará a linha do tempo da instituição, com fotos, documentos e objetos, advindos de doações, além de painéis informativos. Segundo o diretor, o local será dividido em três áreas distintas: Espaço Memória, com linha do tempo e artefatos históricos; Espaço Encontros, com móveis restaurados; e Espaço Prédio Centenário, com maquetes, mapas e demais elementos referentes à obra histórica. Luiz Carlos afirma que a restauração representa a "ponte entre passado e futuro".

Projeto Resgate

Este é o oitavo prédio restaurado pelo Projeto Resgate do Patrimônio Histórico e Cultural da UFRGS, coordenado pelo Setor de Patrimônio Histórico. O custo total da obra é de cerca de R$ 4,9 milhões, dos quais: R$ 3,4 milhões são oriundos de captação feita por meio da Lei Rouanet, tendo a John Deere e mais três empresas como incentivadoras na categoria pessoa jurídica e mais 204 incentivadores na categoria pessoa física, além de aproximadamente R$ 1,5 milhão de recursos advindos da própria Universidade. O professor aposentado do Departamento de Físico-Química da UFRGS, José Schifino, falou em nome dos doadores. Segundo ele, o processo é um reconhecimento daqueles que se envolveram com esse lugar de formação: "Recebemos muito da Universidade e podemos devolver uma parcela", afirmou.

O projeto Resgate foi criado em 1998 e está inscrito no Programa Nacional de Apoio à Cultura do Ministério da Cultura (PRONAC). A principal fonte de recursos é a Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei nº 8.313 de 23 de dezembro de 1991), conhecida também como Lei Rouanet, que possibilita a empresas e a cidadãos aplicarem uma parte do Imposto de Renda devido em ações culturais. Na próxima semana, no dia 8 de dezembro, a UFRGS celebra o Dia da Doação, em que se reforça a campanha de captação de recursos destinados à restauração e à conservação de seus prédios históricos.

História

Cinco engenheiros militares, que eram professores do Colégio Militar da capital, além de um engenheiro civil, fundaram em 1896 a Escola de Engenharia de Porto Alegre, que possuía como princípios ser uma instituição voltada à prática, à técnica e à interligação entre diferentes níveis de ensino. Em 1897, ocorreu a inauguração solene da Escola de Engenharia, nas salas do Ateneu Rio-Grandense, escola pública que cedeu seus espaços para a nova instituição. Os cursos oferecidos, segundo estatutos criados e reformulados entre 1897-1900, foram os de Estradas, Hidráulica, Arquitetura, Agrimensura e Agronomia.

O prédio específico para receber a escola foi entregue em 1900, elaborado sob a perspectiva do movimento cultural historicista, inspirado nos palacettos italianos do renascimento. Em 1903, surge o Centro dos Estudantes Universitários de Engenharia (CEUE). Em 1931 passa a unidade ser chamada oficialmente Universidade Técnica do Rio Grande do Sul, mas com a criação da Universidade de Porto Alegre, em 1934, a partir da junção das diferentes unidades de ensino superior da capital, a denominação passa a Escola de Engenharia, nome utilizado até hoje.

A primeira grande intervenção no prédio ocorreu na década de 1950, com a criação de um terceiro pavimento, em função da necessidade de novos espaços para acolher o número crescente de alunos dos Cursos de Engenharia. Durante mais de um século, o local abrigou cerimônias festivas, como formaturas e bailes e banquetes.

Fonte: UFRGS