O salário médio da indústria da China já supera os valores pagos aos trabalhadores do Brasil, conforme mostra estudo da consultoria Euromonitor, citado pelo Financial Times. Entre 2005 e 2016, o custo da hora de trabalho chinesa triplicou de US$ 1,2 para 3,6, enquanto o salário no setor industrial brasileiro caiu de US$ 2,90 para 2,70. Analistas citados pelo jornal britânico sublinham que os níveis de produtividade dos chineses subiram ainda mais depressa que os salários e que os trabalhadores industriais estão entre os mais bem pagos do país asiático.
A subida dos salários acentuou-se desde que o país foi admitido na Organização Mundial do Comércio em 2001, elevando o padrão de vida da população nos últimos anos. Considerando os trabalhadores como um todo, a renda por hora na China é superior à de todos os grandes países da América Latina, com exceção do Chile, e representa 70% do salário médio dos países menos desenvolvidos da zona do euro.
O economista Oru Mohiuddin, do Euromonitor, explica que o aumento espetacular na remuneração média dos operários e operárias chineses não levará a uma fuga das indústrias estabelecidas naquele país. O tamanho do mercado doméstico deve ajudar os trabalhadores da indústria local, apesar do aumento de custo: “Em muitos setores, a China representará 20% do mercado em 2020, similar à América do Norte e à Europa Ocidental”. Ela ressaltou que, uma vez que essa fatia de mercado é muito maior que as de Índia (4,8%) e Brasil (3,3%), "faz sentido para a indústria estar localizada na China".
Enquanto os chineses se ocuparam em ampliar os níveis de produtividade na última década, a discussão parece ter ficado em segundo plano no Brasil, apesar de termos vivenciado índices econômicos positivos e o aumento do mercado interno nesse mesmo período. O fato é que, diante da atual recessão, o país enfrenta sérias dificuldades e surge a necessidade de melhorar a eficiência e encontrar saídas para a crise. No entanto, é preciso fortalecer a ideia de que a solução está no planejamento de longo prazo, no desenvolvimento, na produção, no apoio à inovação e à produtividade, na qualificação da nossa mão de obra, e não na retirada de direitos e penalização dos trabalhadores, conforme vêm alertando o Sindicato dos Engenheiros e a Federação Nacional dos Engenheiros.
Enfrentar a desindustrialização e a desvalorização da Engenharia são imperativos para fortalecer a economia, em detrimento da perda da soberania nacional e da entrega do controle de setores estratégicos para empresas de países como a China. Apenas no Rio Grande do Sul, a retirada de exigência de conteúdo local mínimo foi um golpe que implodiu o polo naval de Rio Grande, situação que ameaça se repetir com a possibilidade de venda de empresas do setor energético, como a CEEE e a CRM, para investidores chineses. Não se trata aqui de combate ao capital estrangeiro, aos investimentos do setor privado mas sim, de se exigir que tal capital gere aqui empregos, renda, pesquisa e desenvolvimento.
A crescente desnacionalização da produção, exportação de empregos e favorecimento à especulação financeira vêm eliminando gradativamente as possibilidades de o Brasil alcançar níveis adequados de desenvolvimento, associando ainda a esse cenário a retirada de direitos trabalhistas em um retrocesso extremante prejudicial em termos econômicos e sociais. Cerca de 60 grandes empresas brasileiras já transferiram suas produções e milhares de empregos para o Paraguai, para escapar do câmbio e dos juros desfavoráveis, e aproveitar a baixa tributação, salários e direitos trabalhistas desvalorizados, como FGTS e férias. Será esse o destino que queremos?
*Com informações da Folha de São Paulo.
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