Neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, o SENGE-RS reafirma seu compromisso com a luta antirracista e com a construção de uma Engenharia comprometida com a justiça social, a igualdade de oportunidades e o respeito à diversidade. A data, que marca a morte de Zumbi dos Palmares, símbolo de resistência e liberdade, é um convite para refletirmos sobre o papel de cada profissional e instituição na superação das desigualdades que ainda atravessam o Brasil — um país que, mesmo após 135 anos da abolição formal da escravidão, continua profundamente marcado pelo racismo estrutural e pela exclusão social.

O racismo não é apenas um problema individual, mas um sistema que opera de forma silenciosa, sustentando desigualdades históricas e impedindo que pessoas negras tenham as mesmas condições de acesso à educação, ao emprego, à renda e às posições de liderança. No mundo do trabalho, essas barreiras se refletem em todas as áreas, inclusive na Engenharia, onde a presença de profissionais negros ainda é significativamente menor do que a média da população. Combater essa desigualdade é parte do compromisso ético e social da categoria com o desenvolvimento humano, ambiental e econômico do país.

Para o SENGE, a Engenharia tem um papel estratégico nesse processo. É uma profissão que molda o território, transforma o ambiente urbano e rural, cria infraestrutura e soluções para a sociedade. Por isso, é também um campo onde a diversidade precisa ser compreendida como um valor e uma força transformadora. Promover a inclusão de profissionais negros e negras na Engenharia significa ampliar o olhar sobre o futuro, fortalecer a inovação e garantir que o conhecimento técnico esteja a serviço de toda a sociedade — e não apenas de uma parcela dela.

Entre as ações de fortalecimento dessa pauta, o SENGE tem apoiado iniciativas voltadas à valorização e à visibilidade de profissionais negros, com debates sobre educação antirracista, representatividade na mídia, afroempreendedorismo e black money. Um exemplo foi o Encontro do Catálogo Afro de Profissionais Graduados, sediado pelo Sindicato, que reuniu especialistas e empreendedores em torno da promoção da equidade racial e do reconhecimento do protagonismo negro em diferentes áreas do conhecimento e da economia.

Em 2025, o SENGE apoiou o Julho das Pretas, realizado em alusão ao Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho. O evento reuniu coletivos e lideranças do movimento negro em uma grande marcha e programação cultural, com o tema “O machismo não pode ser tradição: mulheres negras pelo fim das violências, do feminicídio e da fome”. A ação destacou a importância do protagonismo das mulheres negras na luta por equidade racial e de gênero, reconhecendo que a transformação social só será possível quando houver igualdade efetiva de oportunidades em todos os espaços.

Essas iniciativas se somam a uma trajetória de engajamento social por meio do Programa SENGE Solidário, que promove ações voluntárias e parcerias com entidades comunitárias, reforçando a responsabilidade social da Engenharia. Entre as instituições já apoiadas estão a Casa de Referência Afroindígena, o Quilombo da Mocambo e o Quilombo Santa Luzia, que receberam doações, apoio técnico e melhorias estruturais. Essas ações reafirmam o compromisso do Sindicato em colocar o conhecimento técnico da categoria a serviço do bem comum e da promoção da dignidade humana.

Neste Dia da Consciência Negra, o SENGE destaca que a luta antirracista não se limita a uma data no calendário. Ela deve estar presente nas práticas institucionais, nas políticas públicas, nos espaços de ensino e nas relações de trabalho. Construir uma Engenharia verdadeiramente representativa é um desafio coletivo — e um dever de todos os que acreditam na profissão como instrumento de transformação social.

Mais do que refletir, é tempo de agir guiados pelo compromisso com a equidade e com o respeito à vida. Essa, afinal, é uma luta de todos.