O consumo de energia elétrica no Brasil no mês de julho de 2010 totalizou 34.382 gigawatts-hora (GWh), representando uma alta de 8,4% frente a igual mês de 2009 e crescimento de 6,0% em taxa acumulada de 12 meses. De acordo com os dados consolidados pela Empresa de Pesquisa Energética— EPE, o mercado nacional contabilizou, no período janeiro-julho, uma alta de 9,7% na comparação com igual período do ano passado.
Consumo industrial
O consumo industrial nacional expandiu 13,7%, totalizando 15.915 GWh em julho de 2010. Este valor representa um recorde histórico para a classe, que havia registrado seu valor máximo no mês de agosto de 2008 (15.823 GWh).
A trajetória recente do consumo desta classe, bem como a evolução dos principais indicadores internos de atividade, evidenciam que a retomada da indústria nacional vem se dando não apenas pelo chamado efeito base da crise de 2009, mas também pelo fato de apresentar viés de crescimento e aceleração das atividades econômicas de maneira mais ampla. Na análise regional, segue em destaque a expansão verificada no Sudeste, que respondeu por 57% do consumo total desta classe no mês de julho e apresentou crescimento de 18,3% frente a igual período de 2009.
Todos os estados desta região apresentaram taxas de crescimento expressivas, entre 14,8% (São Paulo) e 24,2% (Espírito Santo).Embora os estados com forte participação do setor extrativista mineral, como Espírito Santo e Minas Gerais, sigam apresentando os maiores incrementos percentuais, a amplitude dos crescimentos (diferença entre o estado de maior e o de menor expansão de consumo) foi significativamente menor que a verificada nos últimos meses, sugerindo um crescimento mais homogêneo dos diferentes setores da indústria. As regiões Sul e Nordeste também foram destaque, apresentando expansões respectivas de 10,4% e 9,9%. Na primeira, o Rio Grande do Sul registrou crescimento de 12,4%, influenciado pela melhora generalizada da indústria, mas com destaque para a metalurgia. Já no Nordeste, a Bahia (35% do total nordestino) cresceu 10,3%, por influência dos ramos de ferroligas e químico.
Consumo residencial
O consumo residencial brasileiro foi de 8.447 GWh, com crescimento de 4,2% em julho de 2010. O número total de consumidores residenciais atingiu a marca de 57,1milhões, representando crescimento de 3,5% frente a julho de 2009. O consumo médio residencial em 12 meses totalizou 155,9 KWh/mês, um aumento de 3,8%. O consumo médio entre janeiro e julho — 157,2 KWh/mês — é o maior desde 2001 (leia mais no box da página 2). As regiões Norte e Nordeste seguem em forte expansão, ambas apresentando taxas de crescimento de 13,9% no mês de julho de 2010 frente a igual período de 2009. Como destacado em edições anteriores da Resenha, essas regiões têm sido as principais beneficiadas pelo aumento da renda, pelos programas sociais do governo federal e pelo aumento da posse de equipamentos eletrônicos. No outro extremo, a região Sudeste apresentou crescimento nulo frente a julho de 2009, decorrência dos fracos desempenhos dos estados do Espírito Santo (-3,6%) e São Paulo (-1,2%). O resultado no Espírito Santo é função tanto do efeito base (em julho de 2009 observou-se expansão de 11,0%), quanto da temperatura baixa (em julho de 2010 foi 1,7 ºC inferior à do ano anterior). Já em São Paulo, um grande agente distribuidor registrou menos 1,6 dias de faturamento, impactando fortemente o consumo desta unidade da federação e da própria região.
Consumo comercial
O consumo comercial somou 5.220 GWh, com crescimento de 4,5% em julho de 2010. Esta é a primeira vez neste ano que o crescimento mensal desta classe assume patamar inferior a 5%. No entanto, a taxa acumulada até julho monta expressivos 6,7%. De fato, a intensificação das atividades de comércio vem se dando em diversos ramos, tais como veículos, motos e peças; móveis, eletroeletrônicos e informática; e materiais de construção. Os destaques de crescimento ficam novamente com as regiões Norte e Nordeste, com taxas de 9,8% e 9,0% respectivamente. A contínua expansão do consumo comercial nessas regiões pode ser em grande parte explicada pelas condições favoráveis de crédito e pelo incremento da massa salarial, que alavancam as atividades de comércio e serviços.
Consumo por residência é o maior desde 2001
O acompanhamento sistemático do mercado de energia elétrica no Brasil tem permitido constatar que o consumo residencial expande a taxas robustas no país desde 2007. A classe mostrou não ter sofrido com a crise financeira de 2008/2009. Ao contrário, demonstrou uma aceleração no ritmo de crescimento, encerrando 2009 com expansão de 6,4%, a maior taxa desde 1998. O crescimento do consumo residencial é disseminado pelas regiões, destacando-se, no período janeiro-julho, um desempenho mais forte no Norte e no Nordeste (respectivamente 14,9% e 14,5%).
Para o Brasil, o crescimento no mesmo período foi de 7,5%. Muito se tem falado dos fatores de estímulo ao aumento do consumo residencial. Entre os fatores estruturais, está um significativo aumento da base de consumidores (para o que contribui o programa de inclusão social Luz para Todos) e a melhoria das condições de trabalho, com a queda consistente da taxa de desemprego e aumento do emprego formal e incremento do rendimento médio real da população. Ademais, a renda disponível no país também aumenta em função dos programas sociais do Governo Federal de transferência de renda, sendo o Bolsa Família o principal deles.
Tais elementos já seriam suficientes para proporcionar um movimento contínuo de aquisição de aparelhos eletroeletrônicos por grande parte da população, assim como a intensificação no seu uso. Mas, em 2010, em adição a tais fatores, o consumo de eletricidade nas residências brasileiras recebeu forte influência do registro de temperaturas mais elevadas, principalmente no primeiro quadrimestre do ano, configurado pelo fenômeno El Niño.
De fato, o consumo residencial em nível nacional registrou no período janeiro-julho o valor médio de 157,2 kWh/mês, inferior apenas aos verificados em 2000 e 2001 e 3,9% superior ao de 2009. Importante assinalar que ocorreu aumento em todas as regiões, sendo que os maiores foram verificados no Norte (9,3% com 155,9 kWh/mês) e no Nordeste (8,4% com 108,8 kWh/mês). A título de referência, um consumo médio mensal de 160 kWh corresponde ao uso de uma geladeira de uma porta, de cinco lâmpadas de 40 W (quatro horas diárias), de uma televisão de 20 polegadas (quatro horas diárias), de uma lavadora de roupas de 500 W (12 dias no mês por uma hora) e de um chuveiro elétrico de potência média de 3.600 W (10 minutos diários para família de quatro pessoas).
Fonte: Resenha Mensal do Mercado de Energia Elétrica da Empresa de Pesquisa Energética (EPE),
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