Com o auditório lotado, o Sindicato dos Engenheiros recebeu nesta terça-feira (8) representantes dos servidores do DMAE, ex-diretores da autarquia e membros da imprensa. Na pauta, a proposta de formatação da concessão do saneamento de Porto Alegre a partir do projeto de lei enviado à Câmara Municipal pelo prefeito Nelson Marchezan Jr. O objetivo era esclarecer e questionar a proposta, a partir dos argumentos e dos pontos apresentados pelo prefeito. Da mesa, os 10 ex-diretores da autarquia – João Antônio Dib, Vilson Ghignatti, Carlos Alberto Petersen, Guilherme Barbosa, Dieter Wartchow, Arnaldo Dutra, Carlos Todeschini, Augusto Damiani, Flávio Presser e Antônio Elisandro – falaram sobre a trajetória do DMAE, reconhecido no Brasil e no mundo como exemplo de empresa pública em serviços de saneamento, e responderam aos questionamentos feitos pelos jornalistas.
“O DMAE é o orgulho de Porto Alegre!”, salientou o ex-diretor Guilherme Barbosa, destacando os feitos obtidos pelo qualificado corpo técnico da empresa que conseguiu universalizar o abastecimento de água em Porto Alegre e alcançar a marca de 80% de tratamento de esgoto. Ao abrir o encontro, Barbosa começou por questionar a validade dos argumentos elencados pelo prefeito Marchezan para justificar o projeto, entre os quais, a poluição do Guaíba que, conforme destacou Barbosa, estará poluído não por responsabilidade do DMAE, mas por receber a poluição proveniente do Rio Gravataí.
Na sequência, um a um, os diretores derrubaram os argumentos utilizados pelo prefeito como justificativas para o projeto que permite a realização de serviços atualmente realizados pelo DMAE por empresas da iniciativa privada. Para João Dib, a alegada falta de recursos para investir ou a poluição no Guaíba não são plausíveis para a medida: “Se o Guaíba está poluído, não é por responsabilidade do DMAE. O que o DMAE faz é justamente não poluir o Guaíba, que recebe, isso sim, a poluição do Rio Gravataí. Então, nós não temos nenhum problema no DMAE. Nós temos é que apoiar o DMAE, mas parece que essa não é a intenção do prefeito, que está mais preocupado em mostrar a sua autoridade”, afirmou.
Para Ghignatti, o Dmae é motivo de orgulho dos porto-alegrenses, tendo sido o responsável por conquistas como a balneabilidade de Ipanema. “ O Dmae é uma das mais bem estruturadas empresas públicas de sanemaneto desse país. Por isso, nós temos de estar unidos e lutarmos juntos em favor do Dmae”.
Além disso, a tarifa social também foi outro ponto destacado no encontro. “Tínhamos uma tarifa social que não era social, pois o cidadão que utilizava só 4³, se via obrigado a pagar por 20 m³. O Dmae reviu isso, e hoje é reconhecido por ter a tarifa mais justa e acessível. Isso não seria feito em nenhuma empresa privada”, lembrou Carlos Petersen.
A falta de habilidade do prefeito para gerir competências na sua administração também foi apontada pelos ex-diretores. Com decisões tomadas à parte, por um grupo que não se sabe qual, sem considerar a experiência e a capacidade de um corpo técnico que conhece bem a cidade e seus desafios.
“É preciso sempre lembrar que saneamento é uma atividade de saúde preventiva. No DMAE, o sistema de autarquia foi escolhido por se isentar de impostos que iriam onerara em pelo menos 60% os custos da atividade. Então, como se espera reduzir custos? É obvio, em todos os lugares, as tarifas aumentam se entra uma empresa privada.
E nós não podemos entrar nesse discurso de que PPP não é privatização: é privatização, porque tira a autonomia do município em deliberar autonomamente com a população os rumos do saneamento básico. Vamos nos organizar para manter o Dmae nas mãos públicas, e forte. O caminho é a gestão pública feita com a participação da sociedade”, finalizou Dieter.
“Não consegui enxergar o DMAE naquela exposição de motivos do Marchezan. O DMAE, que conseguiu com recursos da tarifa ao longo de poucos anos universalizar o abastecimento de agua em Porto Alegre; não consegui enxergar o órgão que, em menos de 30 anos, saiu de 2% de esgoto tratado para 80% do esgoto tratado. E também não consegui enxergar o DMAE que é uma referência e que a gente usou a vida inteira como exemplo de gestão pública, como exemplo de eficiência, inclusive reconhecida pela ONU, reconhecida pelo BID”, destacou Arnaldo Dutra. Para ele, assim como para os demais, a competência da equipe que levou o DMAE ao reconhecimento não só pela qualidade dos serviços como pela melhor tarifa também será posta à prova agora, diante dos ataques de Marchezan.
Carlos Todeschini salientou que o modelo de PPPs (Parcerias Público Privadas não têm validade no saneamento em razão da natureza social do serviço prestado “ A gente arrecada o que precisa. Nossa tarifa é até 50% menor se comparada à da Corsan”.
Flavio Presser, ex-diretor do Dmae que hoje preside a Corsan, destacou a pluralidade que compunha a mesa dos entrevistados e que, em detrimento de questões ideológicas, enxergavam a importância de defender o DMAE. “Saneamento é de interesse público, e por isso tem de ter gestão pública”, defendeu. Falando sobre a evidente influência do saneamento em outros setores como a saúde, o meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas, Presser também apontou a importância do DMAE como um formador de conhecimento. Lembrou que o DMAE está submetido a um Conselho Deliberativo formado por representantes da Sociedade Civil e que, portanto, precisa é de governança e autonomia para se gerir.
Antônio Elisandro também destacou que os números da autarquia falam por si, sobre sua evolução e capacidade. “O prefeito deveria procurar conhecer o DMAE. Entregamos 2016 com R$ 76 milhões. Reduzimos o endividamento de 220 para 83 milhões”, protestou Elisandro.
Na avaliação da diretora do SENGE, Nanci Giugno, o caráter suprapartidário do encontro revela a isonomia ideológica e a importância do tema para a sociedade. “Sequer o Conselho Deliberativo do DMAE consegue ser ouvido. Isso é extremamente grave. Em nome do SENGE, quero afirmar que nós somos absolutamente solidários a essa causa. O Sindicato tem uma postura bastante clara em favor do fortalecimento dos serviços públicos, especialmente no caso do DMAE que tem relação direta com a saúde pública”, disse, destacando ainda a importante união dos servidores na mobilização como um exemplo que deve ser mantido. Por fim ,a diretora ainda alertou: “O prefeito tem dito que ele não está privatizando, porque não existe a palavra privatização no projeto. Acho importante, que fique claro que algumas palavras, como “contratualização”, e expressões como “permitir a concessão” são importantes de serem esclarecidas, porque não está escrito privatização, mas é isso o objeto desse projeto”, salientou, novamente reforçando a necessidade de não apenas retirar o projeto da Câmara por meio da mobilização, mas também se unir para fortalecer o DMAE.
Aproveite os descontos e promoções exclusivas para sócios do SENGE na compra de equipamentos, periféricos e serviços da DELL Technologies.
Uma entidade forte, protagonista de uma jornada de inúmeras lutas e conquistas. Faça o download do livro e conheça essa história!
Quer ter acesso a cursos pensados para profissionais da Engenharia com super descontos? Preencha seus dados a seguir para que possa entrar em contato com você:
Para realizar a sua inscrição, ao preencher o formulário a seguir, escolha o seu perfil:
Informe o seu e-mail para receber atualizações sobre nossos cursos e eventos:
Ao fornecer seu dados você concorda com a nossa política de privacidade e a maneira como eles serão tratados. Para consulta clique aqui
Se você tem interesse de se associar ao SENGE ou gostaria de mais informações sobre os benefícios da associação, preencha seus dados a seguir para que possa entrar em contato com você:
Ao fornecer seu dados você concorda com a nossa política de privacidade e a maneira como eles serão tratados. Para consulta clique aqui
Para completar sua solicitação, confira seus dados nos campos abaixo:
Social Chat is free, download and try it now here!