Por Marcelo Sakate
Arcar com os custos crescentes da saúde é um dos grandes desafios das sociedades desenvolvidas. O ritmo de expansão dos gastos com prevenção e tratamentos é ainda maior que o da economia, e os preços dos serviços médicos avançam mais rápido do que a inflação. Evidente há anos em países ricos, esse quadro começa a ficar exposto no Brasil.
O custo médio de uma internação, para um plano de saúde, é da ordem de 6.100 reais. Há cinco anos, um atendimento similar ficava em torno de 4.000 reais. Tratamentos tão diversos como artroscopia (cirurgia nas articulações), extração da vesícula e diagnósticos por imagem encareceram, nos últimos cinco anos, num ritmo que chega a ser o dobro da inflação.
Nos EUA, essa escalada é observada há três décadas. No Brasil ainda existem poucas estatísticas a respeito. Um esforço nesse sentido partiu do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (Iess), órgão criado por grandes operadoras do setor. Desde 2007, a instituição analisa os custos dos serviços utilizados pelos 43 milhões de brasileiros que possuem seguro médico. Nos últimos três anos, essas despesas acumulam alta de 33,4%, para uma inflação de 15,4%. Apenas em 2009, houve alta de 12%, o triplo da inflação geral medida pelo IPCA.
A primeira explicação para essa alta, dizem os especialistas, está na incorporação de novas tecnologias. Os avanços trouxeram exatidão a diagnósticos, criaram medicamentos mais eficientes e deram sobrevida a pacientes que até pouco tempo atrás estariam condenados. Mas, ao contrário do que acontece em outros setores da economia, nos quais a tecnologia reduz os custos, na medicina os novos tratamentos, além de ser mais caros, somam-se aos já existentes, em vez de substituí-los.
É o caso do PET/CT, um dos exames mais precisos em diagnóstico por imagem lançados nos últimos anos, que associa a tomografia por emissão de pósitrons à tomografia computadorizada.
A segunda explicação para o encarecimento da saúde advém de uma notícia positiva, a longevidade – reflexo, em boa medida do próprio avanço na medicina. Há duas décadas, sete em cada 100 brasileiros tinham idade superior a 60 anos. Agora, são 10 em 100. Isso é sinônimo de melhoria nos padrões de vida. Mas na velhice os gastos médicos disparam. Os idosos agendam quase o dobro de consultas e sofrem três vezes mais internações do que pessoas entre 19 e 23 anos. “Hoje, aqueles que têm de 20 a 30 anos arcam com parte das despesas relativas aos idosos.
Os mais velhos pagam menos pelo plano de saúde do que o de fato custam para as operadoras”, afirma José Cedem, superintendente executivo do Iess e ex-ministro da Previdência.
Os brasileiros devem se preparar para gastar mais com saúde. Essa é as tendência. Segundo a recém-divulgada Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE (POF), medicamentos e serviços médicos representam 7,2% das despesas totais das famílias no ano passado, diante de um porcentual de 6,5% verificado seis anos antes. Ainda que a pressão pelo aumento das despesas seja incontornável, há um consenso em torno da necessidade de aperfeiçoar a gestão e, assim, fazer mais com os mesmos reais.
O primeiro passo deve ser a contenção de desperdício. “É preciso administrar melhor o atendimento médico”, diz Carlos Alberto Suslik, coordenador do MBA executivo em gestão da saúde do Insper. “Gasta-se muito com procedimentos questionáveis. É natural que o paciente só queira o mais avançado, mas nem sempre isso é o mais adequado para a sua doença.”
Apesar de pagarem caro pelos seus planos, os segurados não deveriam correr ao pronto-socorro e fazer uma bateria de exames ao primeiro sinal de cólica. A utilização excessiva dos serviços torno o sistema caro para todos. Médicos e hospitais deveriam ser mais criteriosos antes de agendar procedimentos nem sempre necessários.
Quanto às operadoras, elas precisam aprender a controlar os custos sem comprometer o atendimento que prestam. No futuro próximo, a qualidade do serviço médico dependerá do equilíbrio entre esses interesses com freqüência conflitantes.
Fonte; Veja 07/07/2010
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