27/07/2010

O preço de viver mais

Por Marcelo Sakate

Arcar com os custos crescentes da saúde é um dos grandes desafios das sociedades desenvolvidas. O ritmo de expansão dos gastos com prevenção e tratamentos é ainda maior que o da economia, e os preços dos serviços médicos avançam mais rápido do que a inflação. Evidente há anos em países ricos, esse quadro começa a ficar exposto no Brasil.

O custo médio de uma internação, para um plano de saúde, é da ordem de 6.100 reais. Há cinco anos, um atendimento similar ficava em torno de 4.000 reais. Tratamentos tão diversos como artroscopia (cirurgia nas articulações), extração da vesícula e diagnósticos por imagem encareceram, nos últimos cinco anos, num ritmo que chega a ser o dobro da inflação.

Nos EUA, essa escalada é observada há três décadas. No Brasil ainda existem poucas estatísticas a respeito. Um esforço nesse sentido partiu do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (Iess), órgão criado por grandes operadoras do setor. Desde 2007, a instituição analisa os custos dos serviços utilizados pelos 43 milhões de brasileiros que possuem seguro médico. Nos últimos três anos, essas despesas acumulam alta de 33,4%, para uma inflação de 15,4%. Apenas em 2009, houve alta de 12%, o triplo da inflação geral medida pelo IPCA.

A primeira explicação para essa alta, dizem os especialistas, está na incorporação de novas tecnologias. Os avanços trouxeram exatidão a diagnósticos, criaram medicamentos mais eficientes e deram sobrevida a pacientes que até pouco tempo atrás estariam condenados. Mas, ao contrário do que acontece em outros setores da economia, nos quais a tecnologia reduz os custos, na medicina os novos tratamentos, além de ser mais caros, somam-se aos já existentes, em vez de substituí-los.

É o caso do PET/CT, um dos exames mais precisos em diagnóstico por imagem lançados nos últimos anos, que associa a tomografia por emissão de pósitrons à tomografia computadorizada.

A segunda explicação para o encarecimento da saúde advém de uma notícia positiva, a longevidade – reflexo, em boa medida do próprio avanço na medicina. Há duas décadas, sete em cada 100 brasileiros tinham idade superior a 60 anos. Agora, são 10 em 100. Isso é sinônimo de melhoria nos padrões de vida. Mas na velhice os gastos médicos disparam. Os idosos agendam quase o dobro de consultas e sofrem três vezes mais internações do que pessoas entre 19 e 23 anos. “Hoje, aqueles que têm de 20 a 30 anos arcam com parte das despesas relativas aos idosos.

Os mais velhos pagam menos pelo plano de saúde do que o de fato custam para as operadoras”, afirma José Cedem, superintendente executivo do Iess e ex-ministro da Previdência.

Os brasileiros devem se preparar para gastar mais com saúde. Essa é as tendência. Segundo a recém-divulgada Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE (POF), medicamentos e serviços médicos representam 7,2% das despesas totais das famílias no ano passado, diante de um porcentual de 6,5% verificado seis anos antes. Ainda que a pressão pelo aumento das despesas seja incontornável, há um consenso em torno da necessidade de aperfeiçoar a gestão e, assim, fazer mais com os mesmos reais.

O primeiro passo deve ser a contenção de desperdício. “É preciso administrar melhor o atendimento médico”, diz Carlos Alberto Suslik, coordenador do MBA executivo em gestão da saúde do Insper. “Gasta-se muito com procedimentos questionáveis. É natural que o paciente só queira o mais avançado, mas nem sempre isso é o mais adequado para a sua doença.”

Apesar de pagarem caro pelos seus planos, os segurados não deveriam correr ao pronto-socorro e fazer uma bateria de exames ao primeiro sinal de cólica. A utilização excessiva dos serviços torno o sistema caro para todos. Médicos e hospitais deveriam ser mais criteriosos antes de agendar procedimentos nem sempre necessários.

Quanto às operadoras, elas precisam aprender a controlar os custos sem comprometer o atendimento que prestam. No futuro próximo, a qualidade do serviço médico dependerá do equilíbrio entre esses interesses com freqüência conflitantes.

Fonte; Veja 07/07/2010

Leia também

29/11/2024

Seminário discute soluções para reservação de água e irrigação

29/11/2024

Transição Energética e Mudanças Climáticas são tema do próximo Painéis da Engenharia

28/11/2024

Comitê do Lago Guaíba elege nova gestão para o triênio 2024-2026

Descontos DELL Technologies

Aproveite os descontos e promoções exclusivas para sócios do SENGE na compra de equipamentos, periféricos e serviços da DELL Technologies.

Livro SENGE 80 anos

Uma entidade forte, protagonista de uma jornada de inúmeras lutas e conquistas. Faça o download do livro e conheça essa história!

Tenho interesse em cursos

Quer ter acesso a cursos pensados para profissionais da Engenharia com super descontos? Preencha seus dados a seguir para que possa entrar em contato com você:

Realizar minha inscrição

Para realizar a sua inscrição, ao preencher o formulário a seguir, escolha o seu perfil:

Profissionais: R$ 0,00
Sócio SENGE: R$ 0,00
Estudantes: R$ 0,00
Sócio Estudantes: R$ 0,00
CURRÍCULO

Assine o Engenheiro Online

Informe o seu e-mail para receber atualizações sobre nossos cursos e eventos:

Email Marketing by E-goi

Ao fornecer seu dados você concorda com a nossa política de privacidade e a maneira como eles serão tratados. Para consulta clique aqui

Tenho interesse em me associar

Se você tem interesse de se associar ao SENGE ou gostaria de mais informações sobre os benefícios da associação, preencha seus dados a seguir para que possa entrar em contato com você:

Ao fornecer seu dados você concorda com a nossa política de privacidade e a maneira como eles serão tratados. Para consulta clique aqui

Entre em contato com o SENGE RS

Para completar sua solicitação, confira seus dados nos campos abaixo:

× Faça contato