Nos últimos anos, a agricultura brasileira vem se modernizando a partir da crescente adoção de soluções de inteligência artificial. As funcionalidades são variadas: sensores remotos, aplicativos e internet, por exemplo, viabilizam automação, rastreabilidade e planejamento on-line das atividades agrícolas.
Recente pesquisa*, realizada pela Embrapa, Sebrae e Inpe, com mais de 750 participantes entre produtores rurais, empresas e prestadores de serviço sobre tendências, desafios e oportunidades para a agricultura digital no Brasil mostrou que 84% dos agricultores utilizam ao menos uma tecnologia como instrumento de apoio na produção rural. Cerca de 40% dos produtores revelaram utilizar novas tecnologias como canal para a compra e venda de insumos e da produção. Aproximadamente um terço deles utiliza soluções digitais para mapear lavoura e prever riscos climáticos.
Fato é que as ferramentas tecnológicas contribuem para o dia a dia do agronegócio; mas não substituem a atuação do engenheiro agrônomo, como defendem as lideranças do Sistema Confea/Crea. O profissional da Agronomia tem papel fundamental na recomendação de insumos apropriados e tecnologias capazes de equilibrar produtividade e economicidade, garantindo sustentabilidade ambiental e protegendo a vida de consumidores e trabalhadores do setor.
“O desenvolvimento tecnológico do campo está diretamente ligado ao papel desempenhado pelo profissional da Agronomia, ele é o protagonista da pujança agrícola”, valoriza o titular da Coordenadoria de Câmaras Especializadas de Agronomia (CCEAGRO) do Sistema, eng. agr. Thiago Oliveira, com quem o presidente da Confederação de Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab) concorda. “O engenheiro agrônomo é essencial por dispor de conhecimento para orientar o produtor sobre quais técnicas e ferramentas são apropriadas para o contexto e para os custos da operação”, frisa o eng. agr. Kleber Santos.
Outro exemplo prático de atividade agrícola tecnológica que demanda recurso humano é a operação de aeronaves remotamente pilotadas (RPA, do inglês Remotely Piloted Aircraft), mais conhecidas como drones. A minuta da Instrução Normativa, proposta pelo Ministério da Agricultura e atualmente em consulta pública, prevê que para obter o registro de operadores de RPA é necessário corpo técnico qualificado, com piloto agrícola remoto e engenheiro agrônomo como responsável técnico para coordenar as atividades.
Correto uso da informação
Os resultados da pesquisa mostram que a facilidade de comunicação e acesso à informação, viabilizada pela internet, são a porta de entrada para introduzir o agricultor nessas novas tecnologias. “Com a orientação do especialista em Agronomia, é maior a chance de que o produtor faça uso somente das informações corretas e precisas”, comenta o eng. agr. Annibal Margon, coordenador da Comissão de Ética e Exercício Profissional do Confea (Ceep).
É a responsabilidade técnica aliada à agricultura digital 4.0, como acrescenta o presidente da Confaeab. “A disponibilização de dados e informações demanda também equilíbrio e racionalidade sobre adoção da tecnologia. O mau uso do grande volume de informação que circula na internet pode causar riscos para a sociedade e para o meio ambiente; por isso a recomendação técnica deve ser dada pelo engenheiro agrônomo registrado no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia para que o agricultor tenha certeza da correta dosagem de insumos e fertilizantes, por exemplo, que deve ser usada”, alerta Kleber. A quantidade e as condições de aplicação de agrotóxicos também exigem respaldo de um engenheiro agrônomo, pontua o especialista, ao lembrar que a venda desses produtos deve ser feita por receituário agronômico, prescrito por profissionais legalmente habilitados, como define a Lei nº 7802/1989.
Acesso à internet
A presença do engenheiro agrônomo no campo é ainda mais essencial quando se percebe que, em áreas rurais, o índice de pessoas sem acesso à internet chega a 53,5%, enquanto nas cidades a porcentagem é de 20,6%, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Tecnologia da Informação e Comunicação 2018, divulgada em abril passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Nem todos têm acesso à internet e, em algumas localidades, a conexão ainda é um problema e precisa ser melhorada”, comenta o conselheiro federal Annibal. Para ele, onde há ausência de infraestrutura de conectividade, os profissionais da Agronomia têm papel determinante na assistência técnica e na modernização das práticas agrícolas.
O presidente da Confaeab chama atenção para a urgência de se incrementar a conectividade como política pública essencial para a realidade heterogênea do Brasil rural, cabendo ao engenheiro agrônomo trabalhar as tecnologias mais adequadas para cada realidade, visando produtividade e sustentabilidade ambiental, com geração de renda ao agricultor. “Um dos caminhos para qualificar o profissional para lidar com os desafios é a certificação profissional”, afirma Kleber, mencionando que o Confea trabalha em parceria com a Sociedade Americana de Agronomia (ASA, na sigla em inglês) para implementar o programa de certificação no Brasil. A previsão é de que o projeto esteja concluído em janeiro de 2021.
Na avaliação do conselheiro Annibal, “o engenheiro agrônomo interessado em embarcar na agricultura digital irá se preparar tecnicamente e com os conhecimentos alinhados a essa tendência para poder obter a certificação”. Os profissionais certificados, segundo ele, estarão diretamente ligados à difusão de soluções de inteligência artificial, a fim de contribuir para a produção agropecuária cada vez mais eficiente e sustentável.
* A pesquisa amostral realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) foi aplicada por questionário on-line, entre abril e junho deste ano, e teve participação de 750 pessoas, sendo 504 agricultores de todos os estados brasileiros e do Distrito Federal. A maioria deles, 72%, cultivam áreas de até 50 hectares, com agricultura, pecuária e silvicultura, e 69% têm mais de dez anos de experiência na atividade rural. Os dados coletados irão ajudar a orientar novas pesquisas, estratégias do setor produtivo e políticas públicas.
Julianna Curado
Equipe de Comunicação do Confea
Com informações da Embrapa e Agência Brasil
Foto no campo: Confea/Divulgação
Aproveite os descontos e promoções exclusivas para sócios do SENGE na compra de equipamentos, periféricos e serviços da DELL Technologies.
Marcas de Quem Decide é uma pesquisa realizada há 25 anos pelo Jornal do Comércio, medindo “lembrança” e “preferência” em diversos setores da economia.
Quer ter acesso a cursos pensados para profissionais da Engenharia com super descontos? Preencha seus dados a seguir para que possa entrar em contato com você:
Para realizar a sua inscrição, ao preencher o formulário a seguir, escolha o seu perfil:
Informe o seu e-mail para receber atualizações sobre nossos cursos e eventos:
Ao fornecer seu dados você concorda com a nossa política de privacidade e a maneira como eles serão tratados. Para consulta clique aqui
Se você tem interesse de se associar ao SENGE ou gostaria de mais informações sobre os benefícios da associação, preencha seus dados a seguir para que possa entrar em contato com você:
Ao fornecer seu dados você concorda com a nossa política de privacidade e a maneira como eles serão tratados. Para consulta clique aqui
Para completar sua solicitação, confira seus dados nos campos abaixo: